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Gesto, Olhar e Sorriso

Palavras que têm vida.

31
Dez17

Bom ano!

Carolina Cruz

2017? O que devemos levar? O melhor, sempre! E do pior, quem sempre esteve do nosso lado. 
Espero que neste 2017, como desejei todos os anos anteriores, as minhas palavras vos tenham tocado a alma, que vos tenham deixado a pensar, mas sobretudo vos tenham deixado melhor e a sorrir. 
Que em 2018 venham mais dias em que a vida nos sorria! 
Que em 2018 venham mais palavras, mais gestos felizes para saborearmos e vivermos juntos e com quem mais amamos.
Que 2018 seja um ano de desejos e sonhos realizados e que estejamos cá para os abraçar.
Obrigada a todos vocês que estiveram desse lado em 2017, que partilharam comigo este sonho que é escrever.
Obrigada a todos que dedicaram o seu tempo a ler-me, a permitirem que as palavras que escrevo façam parte dos vossos dias.
Que assim seja em 2018. 
Que seja um ano muito bom e vos sorria com gestos e olhares felizes!
Bom ano!

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30
Dez17

[Resenha Literária - Chiado Editora] (A)MAR - Pedro Rodrigues

Carolina Cruz

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(A)MAR é uma coletânea de textos da autoria de Pedro Rodrigues, autor do famoso blog "Os filhos do mondego". 
Creio que o livro não poderia ter outro título, adequa-se inteiramente a todas as páginas dste livro, "amar" é a palavra certa para quem escreve assim - com a alma e com o coração.
A escrita do Pedro, é tão simplesmente genuína que nos faz viajar pelas suas palavras, deixa-nos a pensar, a refletir, a sorrir e até a chorar... histórias, crónicas e sentimentos da "cor dos seus dias", mas com as quais nos identificamos tanto.
O livro é separado por vários temas, onde o Pedro apresenta vários textos dentro desse contexto, dedica crónicas à família, ao amor, ao desamor, fala-nos sobre as mulheres, o dia-a-dia e a sociedade. 
Revela-nos um pouco de si e também da sua ficção.
Escreve com a alma, e o facto de o fazer, leva-nos a adorar a sua escrita e a adorar as suas palavras.
Já seguia o Pedro através das várias redes sociais e do blog, e ler o seu livro sempre foi uma motivação minha e assim sendo cá estou eu a criticar de forma positiva o meu último livro lido no ano de 2017.

Quanto a vocês se gostam da escrita do Pedro e dos seus textos, não esperem até ao final do próximo ano para o lerem, tratem disso, vão adorar!

 

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29
Dez17

O mundo é um lugar bom

Carolina Cruz

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Por favor, olha para ti, levanta a tua cabeça, olha para mim então...
Não te menosprezes por achares que amas demais, não te aches ridícula... 
Nunca ninguém ama demais, apenas sente com o coração e sentir com o coração é viver inteiramente.
Não chores por alguém não te ter dado amor, ridícula é essa pessoa que não sente, ela é que devia chorar, mas pelo que me contaste não está preocupada em ter sentimentos... Por isso, aproxima-te de ti mesma e afasta-te desse alguém que simplesmente não te quer. 
Por favor, não chores. És tão bonita, por dentro e por fora. 
A vida haverá de te sorrir, o amor virá para te fazer sonhar. 
Não te lamentes por quem não merece, seja quem for não merece encontrar-te com lágrimas a correrem pelo teu rosto de seda. 
Tu és tu, um ser especial, e amar é uma definição tão própria e tão boa, que não deverias sofrer por isso e manter na tua vida quem te quer realmente. Tu não és para qualquer um, entende isso. Nem toda a gente te entende como tu pareces entenderes os outros. 
É por isso que te digo, sorri em vez de chorares. Porque o mundo, o mundo é um lugar bom por existires. 

28
Dez17

Wonder - o livro e o filme!

Carolina Cruz

Wonder! Ai o Wonder, ainda não arranjei palavras para descrever coisa mais maravilhosa, tanto a nível da literatura como cinematográfico, estão ambos espetaculares! Wonderful, mesmo!

 

O livro

 

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Maravilhoso. Grande, mas não massudo, intenso sim, emocionante. 
Vivemos na pele dos personagens pela caracterização maravilhosa que a autora faz e pela primeira pessoa que oferece a cada uma das personagens a sua perspectiva de vida e sentir.
A história delicada e dolorosa de Auggie, um menino normal que nasceu com uma deformação na cara, que enfrenta pela primeira vez uma escola verdadira, torna-se deliciosa, embora Auggie e o leitor tenham de enfrentar terríveis desafios e pessoas maldosas.
Auggie é um miúdo normal, inteligente, super bem-disposto e divertido, mas conseguirá ele convencer os colegas de que o seu rosto não importa? Que se olharem bem no seu interior e o conhecerem inteiramente entenderão que é igual a todas as outras crianças e que é tão bonito e divertido que afinal o seu rosto nem é assim tão difícil de encarar?
Li o livro em duas semanas e tornou-se um dos meus livros de eleição.

 

 

 

 

O filme

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O filme foi, na minha opinião, dos livros que li, das melhores adaptações para cinema.
As personagens são tão emocionantes quanto no livro e a divisão de capítulos por personagens e perspetivas mantém-se, felizmente e incrivelmente bem feito. 
É tocante, não só pela história, mas pelo brilhante papel interpretado pelo tão querido Jacob Tremblay (Jack do filme "Room" de 2015). 
Todo o elenco está espetacular e o desenrolar do filme é tão emocionante quanto o livro (até para quem leu!)

 

 

 

Tanto o livro como o filme, nos apresenta uma mensagem muito importante de que não importa a nossa condição ou aspeto, nós somos aquilo que fazemos, quem somos para com os outros, as nossas ações, as nossas escolhas, as partilhas, os gestos mais gentis, os sorrisos e a amizade. É preciso conhecermos interiormente as pessoas para perceber as razões que têm para agir de determinada forma ou para aprendermos igualmente a não julgarmos os outros pela aparência, porque cada um de nós é um ser especial, um ser que precisa de atenção e de amor. E como diz o nosso valente e "wonder" August Pullman "toda a gente no mundo devia ter direito a uma ovação de pé pelo menos uma vez na vida porque todos nós triunfamos no mundo".

Uma história baseada numa história real e que é também a vida real de muitas crianças, jovens e adultos vítimas de bullying e/ou discriminação.
Uma história que nos toca, nos emociona e nos ensina... e tanto!

Vejam e leiam porque ambos valem a pena :)

27
Dez17

[Cinema] Moonlight

Carolina Cruz

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"Moonlight" é um filme que se estranha, mas que nos deixa a pensar (entranha-se, portanto!)
Conta a história de Black que procura fugir aos caminhos fáceis que o rodeiam - a dorga, o crime e a violência. Procura sempre o bem e o amor. Mas será que é simples dizer não?
Dizem que o amor se for verdadeiro, se manterá, mas e se as nossas escolhas forem erradas? Se não pudermos voltar atrás?
É uma história que nos toca, que nos questiona sobre os maiores preconceitos e escolhas, o que torna o filme interessante, porém, e na minha opinião, o final do filme passa demasiado rápido e ficamos a pensar "e que mais?!". Ficamos com vontade de querer saber que destino tiveram as personagens.
Ainda assim, foi um filme que gostei muito de assistir. E vocês?

 

 

26
Dez17

[Ficção] Deitaste tudo a perder

Carolina Cruz

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Deitaste tudo a perder. 
Eu amava-te, sabias? Desse amor que não se contempla, que se intensifica na dor, que se inquieta na tua presença.
Morri de amores por ti, em vão. 
Deste-me esperança desmedida, abracei-me à ideia de que ia ter-te para sempre, mas tu não ficaste, não quiseste ficar. Disseste não poder, mas a verdade é que não quiseste. 
Não há assim tanta diferença em sermos diferentes, podemos mudar, eu acreditava que nos habituaríamos às diferenças um ao outro, sem saber na verdade que "habituar" é um verbo que não se adequa a uma relação de amor.
Eu respeitava as tuas ideias, porém não as suportava, menti de todas essas vezes que disse habituar-me a isso. Fui-te sincera, confrontei-te com a verdade. E tu disseste que não resultavamos juntos, que o correto era tornarmos o nosso presente num passado. 
Iriamos resultar se fizesses um esforço, mas creio que não se faz um esforço quando se ama e se forçamos é porque, na verdade, não é amor. 
Quando compreendi isso deixei de pensar em pedir mais uma última oportunidade ao que tinhamos tido, fechei o capítulo e abri um livro para contar uma história. 
Assim tornaste-te numa história, tento desenhá-la como se não fosse minha, mas de alguém, porque se eu abrir o meu peito, vão sair lágrimas, saudade e desilusão. Vou inundar o papel que escrevo, inundando por completo a minha sala e também a minha vida. 
Deitaste tudo a perder e eu só te quero esquecer.
Não esquecer que exististe na minha vida, apesar de tudo creio que tenha sido bom, mas quero esquecer apenas (e já é tanto) que não quiseste quem te amou por completo - eu.

25
Dez17

O meu desejo mais bonito de Natal

Carolina Cruz

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O frio faz-se sentir. A neve teima em não cair.
O inverno, por estes lados, é uma seca. Faz frio que gela, chove a potes, mas neve nem vê-la.
Falta um dia para a véspera de Natal…
Outrora, eu gostava do Natal, oh se gostava! A família reunia-se à volta da mesa, conversava-se, brincava-se na rua, ainda que com frio, mas sempre sem neve. Conversava-se olhos nos olhos, abraçávamo-nos corpo a corpo, tanto que até a alma sentia.
Hoje...
Hoje o Natal não é o mesmo, a família continua a reunir-se sim, mas já não há a tradição dos abraços ou dos beijos dos avós. As crianças já não brincam umas com as outras na rua, os pais não querem que elas apanhem frio, por isso dão-lhes os tablets para a mão, o que faz com que joguem, mas sem ser uns com os outros.
As prendas hoje são sobrevalorizadas pelos mais novos, amuam se não têm o querem e quando é do seu agrado é gabado no Instagram.
As pessoas não se abraçam, não se tocam, por vezes nem sorriem, mas a união existe na felicidade expressa na selfie postada no Facebook.
Tenho vinte anos e não sei viver nesta sociedade consumista das redes sociais, em que um abraço é dado num gif, um “gosto de ti” é enviado por mensagem, as conversas são no Messenger e não cara a cara
Gostava que as pessoas pensassem mais como eu, que dessem valor ao interior e à alma, e não ao que importa hoje: o aspeto exterior e a imagem.
Gostava que as pessoas lessem mais. Se o fizessem entenderiam melhor porque penso e ajo desta forma, tão intensamente.
Dizem que sou esquisito, mas não me importo, nunca me importei com o que os outros pensavam, exceto com o que a Madalena pensa.

 

- Vítor, vem brincar!
- Deixa-me só acabar este capítulo.

 

Tinha nove anos quando nos conhecemos, eu já lia vorazmente, era um leitor assíduo de todos os policiais.
Os livros sempre foram a minha tecnologia favorita.
“Tecnologia?” - perguntam vocês.
Sim, os livros são a plataforma mais interessante que existe, com eles aprendes a falar melhor, a escrever melhor, podes viajar, sofrer, amar, sentir, imaginar, aprender, tudo sem sair do lugar.
Ainda assim, quem mais me faz sonhar é a Madalena. Ela sempre entendeu que ler era o meu vício. Ela não me acha esquisito como todos os outros amigos. Creio que ela também gosta de ler, mas não tanto quanto eu, que isso é impossível.
Eu gosto de ouvi-la falar, gosto de olhar nos seus olhos cor de mel, gosto das pequenas coisas quando estou com ela. Somos amigos, chegados, vizinhos, mas ainda assim não tenho como dizer-lhe que a amo profundamente.

Falta um dia para a véspera de Natal…
E este Natal, não queria receber mais nada além do nosso amor. Bastava-me.
Ainda assim, queria também que neste Natal, as tecnologias não estragassem o momento e que se pudesse trocar uma chamada por um abraço.
Ou isso ou uma máquina do tempo que nos fizesse viajar aos meus natais antigos, mas isso é ficção a mais.

A véspera de Natal chegou, não houve nenhuma máquina do tempo. No entanto, a ideia genial da minha mãe fez-me viajar a tempos passados, cheguei à cozinha e ela colocara na lareira os nossos primeiros sapatinhos, estavam inundados de mofo, pó e de tamanha nostalgia. Sorri e os meus olhos inundaram-se de água, naquela saudade estavam os meus avós sentados à mesa e cheios de presentes não muito caros, mas de valor.
A tardinha e a noite chegaram num ápice, este ano o Natal pintou-se de cor, a tia proibiu os telemóveis, a mãe optou por contar histórias à lareira como fazia a avó Mena. A história falava de desejos e após a sua leitura, todos nós, juntos e de mãos dadas pedimos um desejo.
Eu escrevi o meu desejo mais bonito de Natal e embrulhei-o com esperança. Eu procurava esse amor perdido num livro como uma história secreta para todo o sempre, uma história de um amor feliz com a Madalena.
A noite passou-se entre canções e jogos de tabuleiro.
A meia-noite finalmente chegou, o meu tio vestiu-se de Pai Natal como fazia o avô João, as crianças voltaram a sonhar e a dar valor aos presentes que aquele velho de barbas brancas lhes tinha vindo dar.
Eu sorria ao olhar para tudo aquilo - livros pequenos, grandes, médios, eram oferecidos a todos os que ali nos presenteavam com a sua presença.
Estaria eu a sonhar?
Sorri, escapuli-me entre a criançada feliz e fui buscar o meu presente ao sapatinho.
Pé ante pé, suspiro atrás de suspiro, também eu tinha um livro como presente, um que já destacava na minha lista há muito tempo e que sempre que ia à Bertrand o devorava com paixão. Quando o abracei e folheei para cheirá-lo, porque sempre tive a tendência de abraçar e cheirar os meus livros, um bilhete caiu ao chão.
Qual não é meu espanto quando vejo que o bilhete era uma carta de amor como nos tempos antigos. Já ninguém escreve cartas de amor.
Continuarei eu a sonhar?

 «Vítor.

Sei que os dias passam e ainda que sejamos vizinhos, que me dês boleia e um sorriso, eu nunca consegui dizer-te que o que sinto por ti vai muito além de um simples abraço ou de um beijo com o coração. Espero por ti na manhã de Natal, às 9h, como nos livros que também eu, secretamente, gosto de ler.

Madalena.»

A rapariga com que eu sempre sonhara, estava ali em palavras, diante dos meus olhos! Era brincadeira, com certeza!
Não queria crer, mas não podia enviar-lhe uma mensagem, as novas tecnologias estavam, felizmente (ou não), proibidas naquela noite.
Fui deitar-me o mais rapidamente possível para acordar mais rápido ainda, pois com certeza eu iria encontrar na manhã de Natal, tudo na mesma, igual a todos os dias em que a Madalena é apenas a minha vizinha e eu um idiota que não sabe dizer que a ama.
Amanhã será um dia igual com os miúdos sem leituras e nas redes sociais.
E eu sem o encontro com o amor da minha vida.
Não queria saber, deitei-me para sonhar e, para acreditar, pelo menos, que tudo aquilo que vivia era realidade.
Deitei-me, dormi ferrado no meu sono feliz durante oito horas longas.
Acordei, era Natal, estava tudo igual, nada tinha acontecido, as crianças não estavam nas ruas, nem a ler, não nevava…
Espera, que carta é esta?
Foi então que percebi, que o meu primeiro desejo era um sonho de Natal tornado realidade.

- Vitor? – disse Madalena vindo ao meu encontro.
- Esta é a minha mais bela história de amor. – disse-lhe.

Pingos de neve finalmente molhavam o nosso rosto que se unia num beijo. Sorri-lhe, ela retribuiu esse sorriso nos seus olhos cor de mel.
Dei-lhe a mão e nunca mais a larguei.
Bem, a não ser para ler um livro!

 

 Fotografia: Méliuz

 

24
Dez17

Feliz Natal! :)

Carolina Cruz

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O que mais gosto no Natal?
O que eu gosto o ano inteiro. Ou melhor, o que deveria ser, para toda a gente, o ano inteiro, porque para mim já é.
Ora... o que gosto no Natal, afinal?
O amor, a união, a família, os pequenos presentes... não os materiais, mas os gestos, a solidariedade, o fazer o bem ao outro, os sorrisos, os encontros, as surpresas, os abraços, os amigos, a música, a alegria.
Detesto o consumismo, a luxuria, a hipocrisia de "é Natal, tempo de paz e união, ajudar os outros" e no dia seguinte voltarmos as costas e voltarmos às palavras frias, 
Chega!
O que eu gosto do Natal, gostava que todos gostassem o ano inteiro.
O que é mais importante afinal? Não são as pequenas coisas?
O dinheiro pode rechear-nos a conta e os presentes do sapatinho, mas que importa se não tivermos saúde? Se não tivermos ao nosso lado quem amamos? O conforto dos que mais gostamos e dos que gostam da nossa companhia o ano inteiro?
Para mim todos os dias é Natal, porque todos os dias festejo com aqueles que amo e os presentei-o com o meu amor, com os meus gestos mais gentis, mais bonitos. 

Por isso, 
Um feliz Natal!
Sejam felizes, hoje, amanhã e sempre! :)

23
Dez17

És

Carolina Cruz

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És o som que bate no meu coração.
És o ar que respiro.
O meu jogo da razão.
Venci-me pelo tempo, pela desilusão na verdade.
Tornei-me indiferente, não fria, mas descontente com quem se aproximava por mera paixão. Até ao dia em que te olhei nos olhos e sorri. 
Nunca imaginei que houvesse em mim tamanho amor, nunca fui mulher de sonhar com casamentos, com grandes paixões como as histórias do cinema. 
Não que me queira casar contigo, nada disso, sempre fui decidida quanto aos meus planos. 
Amor, família, eternidade, não precisa de papéis, de contratos assinados que provem aquilo que sentimos. Porque o que sentimos revê-se nos nossos olhos a brilhar, na felicidade do nosso sorriso, da nossa pele que se toca, nos lábios que se beijam como se fosse a primeira vez. 
Casar é um sonho para muitos e eu respeito. Porém, o meu sonho é ter-te por perto, é acreditar que será sempre assim, a intimidade e a cumplicidade que se espelha nos nossos olhos a sorrir. 
Não preciso de cartas de amor para mostrar o que sinto, não preciso de presentes para me mostrares o que sentes, preciso que precises de mim, que ames quem sou, que valorizes o que temos, me beijes e que me respeites. 
O amor não precisa de palavras desmedidas ou festejos de celebrar anos juntos, nada disso, somar está nas pequenas coisas do dia-a-dia. Do beijo de bom dia ao aconchego do lar à noite. De um pequeno “amo-te” em gestos de mão dada, de um abraço apertado…

O amor é o sentimento mais simples quando te tenho do meu lado e isso diz tudo, certo?

22
Dez17

[Ficção] Inquietudes

Carolina Cruz

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E, de repente, o que somos é uma jogada fatal, como dados viciados, como nós que nos puxam, correntes que não nos largam e nos fazem acreditar naquilo que nunca quisemos crer: a eternidade. 
O meu corpo e a tua mão. O teu corpo e a minha alma. O teu coração e a minha saudade. A tua dor e o meu desejo. O teu querer e a minha vontade. O teu ser, a minha vida. Os meus atos, a tua essência. 
Não existo sem ti. A cama fica fria, o temperamento quente. 
Não estás, não sou. 
Não somos, a solidão existe. 
Perco-me vezes sem conta no teu sorriso e o que somos, faz-me poética, pirosa, lamechas e sabes o quê, no fundo? Feliz. Inteiramente. 
Detestava-te no primeiro momento e tu odiavas-me por ser assim - decidida a não te querer, a rejeitar-te. Mas sabes? No fundo eu queria-te tanto, mas sei que não era amor, mas desejo, como aquele que se sente na pele, num balanço entre o ódio e o amor, numa balança que não sabe o que pesar. 
Essa balança é a cabeça e o coração. Eu sabia que tu pensavas com a cabeça, por isso eu jamais pensaria com o coração, até ao dia em que juntos pensámos de uma outra forma. Foi um dado mal lançado, uma música para a vida toda e a melodia da minha mão sobre a tua. Fechei os olhos e pensei "não pode ser", abri-os e lá estavas tu: a sorrir, com aquele morder de lábio fiel, que abre os braços e oferece a alma, com a consciência de quem entrega o corpo por amor e me abraça com um desejo de morte e de prazer. 
Cedi, perfeitamente, às tuas inquietudes que eram também as minhas. E nesse entretanto, nesse balanço de prazer casual e paixão aprendi que me sentia segura, que amar não era assim tão complexo como todos diziam, eu queria estar contigo e isso bastava-me. Acordar e ter-te comigo, deitar-me e olhar-te pela última vez. Ver no espelho a pequena ruga e dizer-te "a culpa é tua que me fazes sorrir". Ouvir-te dizer "o meu primeiro cabelo branco de te aturar". E esse abraço, esse abraço que me prenderá para sempre e fará entender que melhor que o prazer carnal é o amor, e não há vergonha de sofrer ou amar, porque contigo aprendi que se é amor, do verdadeiro, é sempre a primeira vez. Exato, com essa mesma inquietude, sem desgaste, sem saturação. 
Porque quando se ama, é de coração. 

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