10 # Existirá destino sem os sonhos?
Sara não sabia se era Manuel ou não, os anos tinham passado, mas não tinha passado assim tanto tempo no seu rosto, as feições estavam iguais. A forma como ele olhou para ela respondendo ao seu olhar surpreso pôde ter a certeza que era Manuel.
John sentiu a rapariga dos seus olhos distanciar-se por momentos.
- A tua paixão platónica passada. – Disse Joel.
- Sim, tu nunca nos enganaste Sara, eramoscrianças mas não burros. – Disse Filipe.
- Who?
- O rapaz que está ali ao balcão. Não lhes ligues. Era apenas o meu professor de teatro.
Não apenas, nem somente, tanta coisa, tantas recordações, tanta emoção ao vê-lo ali, em carne e osso, depois de catorze anos a ser apenas uma lembrança ou sonho.
- Vou cumprimenta-lo. – Disse ela, sem ter bem a certeza se conseguiria.
- Ok. – Disse John dando-lhe um beijo na testa. Estava dividida, mas queria-lhe mostrar que a sua vida seguira em frente, que aquele sonho inacabado não era uma dependência. No entanto, de certa maneira, era. Era mesmo.
Um sorriso envergonhado disse olá a um rosto emocionado.
- Sara? – Os seus olhos pareciam brilhar.
A Sara estava ali depois de tantos desertos, de tantas estradas, de tantos muros, houve uma ponte que a trouxera até ali. Como os anos tinham passado por ela, embora continuasse a ser a rapariga sonhadora e lutadora que aspirava ser, Sara estava uma mulher madura, sedutora, que quebrava de novo o seu coração.
- Posso dar-te um abraço? – Perguntara Manel. Mantinha o seu jeito de intervenção teatral, sempre sincera e genuína.
Sem questionar Sara deu-lhe um abraço apertado! Os seus corpos comunicaram nesse encontro.
- Lembraste dos meus irmãos? – Perguntou desviando o assunto.
- Claro que sim. – Disse Manuel a virar-se para trás e a acenar-lhes. – Vi-os no outro dia, estão uns homens feitos.
Que conversa de chacha quando o que há para dizer é tanto, pensavam ambos, sem saber o que pensava cada um.
- Deixa-me convidar-te para te sentares connosco. – Disse Sara.
- Não posso estou acompanhado. – Disse ele, embicando o rosto em direção a uma rapariga loira, alta e magra, de sorriso bonito.
- Tudo bem. – Disse Sara, um pouco desiludida.
Mas porquê desiludida se também ela estava acompanhada?
- Mas posso convidar-te para tomarmos o pequeno-almoço na segunda de manhã. Que dizes?
- Claro que sim.
Claro que sim, o tempo tinha passado, o amor também, a paixão igualmente. Porque é que não haveriam de ser amigos?
(Continua...)