Quando fui para casa não lhe contei, é claro, estava a traí-la, eu era um cobarde e não lhe ia dizer. Quando ia a casa tentava fazer-me entender que gostava da Carol e que gostaria de ser pai, trata-los como se vivesse num castelo, como se ela fosse a minha rainha e que íamos ter um pequeno príncipe. No entanto, ela acabou por descobrir, não por mim, mas pelas revistas.
A fotografia do beijo tinha aparecido em várias revistas e por mais que eu tentasse negar quando nos reencontrámos em casa, não consegui.
A discussão foi feia, berrámos um com o outro. Não me orgulho nisto, nada. Quando ela me disse que eu não passava de um cabrão, eu agarrei-a e apertei-lhe o braço com força. Ela começou a chorar desmedidamente e eu acabei por chorar também. Eu tinha errado. O tempo errou connosco, eu fui o maior erro da vida dela, abraçámo-nos e pedimos desculpa um ao outro, como se a desculpa pudesse perdoar.
Uma dor profunda ficou-lhe carregada no peito, dor, raiva, emoções fortes, tanto que ao levantar-se doeram no ventre, nas costas, toda ela estava dorida, como se fosse para parir, mas não chegámos a tempo ao hospital. Uma mancha de sangue escorria-lhe pelas pernas e eu tinha escrito a minha história, uma culpa infinita que eu não perdoo a mim mesmo. Eu tinha perdido o meu filho, o meu filho morrera, não nascera por minha culpa.
Foram dias infinitos de dor, de embriaguez. Por mais que eu tenha tentado pedir desculpa, por mais que eu tenha tentado tomar medidas e formas de ela me perdoar e de me perdoar a mim próprio, eu não consegui, ainda hoje não consigo. Com razão, ela afastou-se e eu após uma pausa, eu regressei, divorciamo-nos e eu voltei às minhas rotinas de palco, drogas e álcool. Infelizmente prometi amor à Jade naquela noite, o que não era mentira, mas tornei-me possessivo, magoei-a, porque estava também magoado, mas ela continua a fazer carreira comigo porque eu sei que, apesar de tudo, ela ainda me ama…
(continua...)