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Gesto, Olhar e Sorriso

Palavras que têm vida.

20
Jun17

As asas que me fazem voar (16)

Carolina Cruz

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Não, depois de tudo aquilo que ele me dissera, não era justo. Não era justo eu prejudicar a Jade, ela não merecia, apesar de tudo não era má pessoa, apenas viveu rendida ao amor que tinha por Jack. Ele é que tinha a culpa toda. Mas isso fora passado. O que faria eu com o novo Jack? Ele estava a ser sincero, a oferecer-me tudo aquilo que tinha, a mostrar-se a nu, com toda a sua alma exposta.
Os seus erros foram graves, muito graves, tinham dado cabo da vida de muita gente, mas ele provara estar mudado, ele nunca me enganara com mais ninguém, punha-me ao dispor, à espera no camarim como que a mostrar que não havia nada a esconder… e se algo tivesse que esconder fazia-o muito bem. E quem engana, não se expõe assim, não mostra estar mudado, não faz viagens longas com intenção de magoar.
Estaria mesmo perante o homem da minha vida? Aquele que me amaria sem medidas?
Eu não queria voltar a sofrer…

(continua...)

19
Jun17

As asas que me fazem voar (15)

Carolina Cruz

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Ela acreditou que eu voltava para ela depois da reabilitação. Ela disse-me inúmeras vezes que íamos ficar juntos e que eu estava mudado e ela acreditava mesmo que teríamos uma relação estável, até tu apareceres.
Eu mudei completamente depois da reabilitação, ela tinha razão, tinha deixado de consumir, de me culpar e magoar os outros. Aprendi a ver realmente a música e a minha vida como uma paixão e, quando apareceste tu, foi como voltar a acreditar de novo no amor. Tu vinhas e querias falar sobre música, não sobre quem eu era, porque eu detesto quem sou, sim ainda detesto quem sou porque isso lembra-me o meu passado… mas contigo, eu gosto mais de mim. Tu valorizaste-me. Tu foste diferente, contigo voltei a acreditar no amor. Por isso pergunto-te: o que posso fazer para me perdoares? Se tu quiseres até deixo isto tudo para trás… Ou digo à Jade para se afastar, arranjo-lhe outro trabalho na empresa, ou outra banda. Por ti tudo farei… Só espero que me perdoes.

(continua...)

 

 
18
Jun17

As asas que me fazem voar (14)

Carolina Cruz
Quando fui para casa não lhe contei, é claro, estava a traí-la, eu era um cobarde e não lhe ia dizer. Quando ia a casa tentava fazer-me entender que gostava da Carol e que gostaria de ser pai, trata-los como se vivesse num castelo, como se ela fosse a minha rainha e que íamos ter um pequeno príncipe. No entanto, ela acabou por descobrir, não por mim, mas pelas revistas.
A fotografia do beijo tinha aparecido em várias revistas e por mais que eu tentasse negar quando nos reencontrámos em casa, não consegui.
A discussão foi feia, berrámos um com o outro. Não me orgulho nisto, nada. Quando ela me disse que eu não passava de um cabrão, eu agarrei-a e apertei-lhe o braço com força. Ela começou a chorar desmedidamente e eu acabei por chorar também. Eu tinha errado. O tempo errou connosco, eu fui o maior erro da vida dela, abraçámo-nos e pedimos desculpa um ao outro, como se a desculpa pudesse perdoar.
Uma dor profunda ficou-lhe carregada no peito, dor, raiva, emoções fortes, tanto que ao levantar-se doeram no ventre, nas costas, toda ela estava dorida, como se fosse para parir, mas não chegámos a tempo ao hospital. Uma mancha de sangue escorria-lhe pelas pernas e eu tinha escrito a minha história, uma culpa infinita que eu não perdoo a mim mesmo. Eu tinha perdido o meu filho, o meu filho morrera, não nascera por minha culpa.
Foram dias infinitos de dor, de embriaguez. Por mais que eu tenha tentado pedir desculpa, por mais que eu tenha tentado tomar medidas e formas de ela me perdoar e de me perdoar a mim próprio, eu não consegui, ainda hoje não consigo. Com razão, ela afastou-se e eu após uma pausa, eu regressei, divorciamo-nos e eu voltei às minhas rotinas de palco, drogas e álcool. Infelizmente prometi amor à Jade naquela noite, o que não era mentira, mas tornei-me possessivo, magoei-a, porque estava também magoado, mas ela continua a fazer carreira comigo porque eu sei que, apesar de tudo, ela ainda me ama…

(continua...)
 
 

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17
Jun17

As asas que me fazem voar (13)

Carolina Cruz

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- Ela tem razão.
Começou-me ele a explicar, os meus braços que o tinham abraçado desmoronaram.
- Não, espera. Ouve-me. É verdade que eu fui um atrasado no passado. Magoei a Jade e além dela foram muitas outras, em especial a minha ex-mulher e a minha filha.
Filha? Ele tinha uma filha e nunca tinha dito a ninguém? Questionei-o.
- Deixa-me continuar… – disse-me prestes a chorar.
» Quando comecei a minha carreira musical, já há vários anos… A minha família sempre foi muito religiosa, então acharam que se eu ia tomar este rumo, teria de casar primeiro. Eu já namorava com a Carol há sete anos e amava-a profundamente. Tínhamos vontade de casar, de fazer vida juntos, mas tínhamos apenas 20 anos… quem não se deslumbra com a fama e com tudo o que ela traz consigo? Especialmente naquela idade?
» Casamo-nos, fomos viver juntos e passado uns cinco meses, nem isso, ela engravidou, íamos ter um filho, mas eu estraguei tudo.
Nessa altura já andava na estrada há um ano e meio, quem me acompanhava, tornava tudo de fácil acesso, não só a agenda cheia, mas as drogas, o álcool, e como consequência o sexo.
Inicialmente eu comecei a negar a atração que tinha pela Jade, pois era casado, amava a Carol e fora com ela que sonhara ter uma vida a dois… mas eu fui tão otário que, em vez de pensar com o coração, as minhas atitudes eram tomadas pelo impulso e pela adrenalina depois dos concertos, o que não era desculpa, mas uma forma idiota de levar a vida. A minha mulher em casa com um filho meu na barriga e eu na cama com outras raparigas. Inicialmente eram fãs que se faziam a mim, eu convidava-as para entrar comigo no camarim e ali mesmo, por vezes, as coisas aconteciam. Eu metia-me com elas para negar que me sentia atraído pela Jade e sabia que ao ter aquelas atitudes eu já não amava a Carol. Eu não tinha respeito por ninguém, nem por mim mesmo.
» Era uma por dia, confesso… até ao dia em que Jade me fez frente, quase parecido como fez contigo, mas a sua fúria naquele momento era vontade de que eu lhe dissesse na sua cara que ela não me era indiferente, arrancou-me a aliança do dedo e espetou-me um beijo ardente à frente de todos aqueles fãs. Eu estava atordoado, só a puxei para dentro e lhe disse que daquela noite não passava, que sim que ela me deixava fora de mim… não me apercebi tão-pouco que tinha sido fotografado por um paparazzi. E isso é claro teve repercussões catastróficas…

(continua...)
 
 

 

16
Jun17

As asas que me fazem voar (12)

Carolina Cruz

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Era uma dor insuportável, uma dor que nunca sentira por mais ninguém. Por mais que tentasse, não conseguia fazer nada de jeito no estágio e mesmo antes que as candidaturas fechassem decidi partir, escolher um novo rumo e Paris foi a escolha. Queria-me libertar de tudo, de tudo o que deixei em Bragança. Em Portugal, mais concretamente.
Porém, quando tinha a certeza que não nos iriamos reencontrar neste lado da Europa, eu voltei a encontra-lo.
Porquê? Porquê ali?
Várias semanas tinham passado, um mês e tal talvez.
É claro que ainda não o tinha esquecido, mas o ritmo que levava não me deixava, pelo menos, chorar ou que a mágoa tomasse conta de mim. E quando eu julgava que tudo podia mudar comigo, ele tinha deixado uma série de concertos, uma agenda preenchida, para se justificar presentemente à minha pessoa.
Porque é que ele insistia em mudar a minha opinião? Ou seria ele que tinha mudado?
Os seus olhos pestanejavam constantemente, as suas mãos suavam e tremiam. Ele estava ali para contar a sua versão da história. Depois de tudo o que sofri, estaria eu disposta a ouvi-lo? O meu coração disse que sim!

(continua...)
 
 
 
 
 
15
Jun17

As asas que me fazem voar (11)

Carolina Cruz

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Pensava nisto, enquanto dormia no seu peito. Pensava também para comigo que o tempo haveria de se encarregar de trazer o que era certo para ambos, de dar espaço e confiança suficiente para nos abrirmos um à outro, sem medos ou rodeios, só tinha de mostrar a minha perseverança em permanecer ao seu lado, acontecesse o que acontecesse.
O que não imaginaria é que ao me levantar para tomar o pequeno-almoço descansada, enquanto Jack dormia, Jade lá estivesse à minha espera, para falar comigo. Não trazia um ar de loucura, nem de raiva, apostava num ar sereno e sentou-se na minha mesa sem tão-pouco eu ter dado autorização para que o fizesse.
- Miúda. – insurgiu-se ela. – ele vai-te magoar. Não sei qual foi a cantilena desta vez, mas não penses que lá por estudares música que será diferente ou que ele te acha original. Esquece! Ele arranja sempre algo em comum com as miúdas, mesmo que não tenha.
O seu ar era sincero, contou-me a sua história com ele, relatou-me quase todos os factos que ele não me dissera e deu-me a conhecer um Jack que eu pensava que nunca iria conhecer, um Jack mentiroso, sujo, demasiado impuro, um verdadeiro bardamerda.
Talvez não o devia ter feito, mas reagi a quente, fiz as minhas malas e disse-lhe para não me dirigir mais a palavra, eu não tinha nascido para ser mais uma, um divertimento ou uma noite bem passada, e… como tinha sido boa a noite anterior…
Jack ainda disse «mas Katie…» e eu não quis ouvir, bati a porta e vim-me embora.
Segui para Bragança de olhos vidrados e o coração estilhaçado em pequenos pedacinhos de nada e de tudo… tudo aquilo que desejara, tinha caído por terra, eu não seria mais a mesma…

(continua...)
 

 

14
Jun17

As asas que me fazem voar (10)

Carolina Cruz

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Pela primeira vez senti desconfiança, ciúmes. No entanto, quando entrei no camarim para o abraçar e nos perdemos nas gargalhadas e nos braços um do outro, quem fez uma cena de ciúmes foi Jade, dizendo entre dentes:
- Sol de pouca dura, como sempre.
Não consegui conter-me e quando seguimos juntos para o hotel questionei-o, mas ele omitiu-me tudo com quantas pedras poderia ter na mão. Omitiu-me, será que me mentiria também? Que esconderia ele? Porque lhe doía tanto que eu o questionasse?
- Posso apenas aproveitar que estamos juntos, para falarmos de outra coisa? – disse, com os olhos vidrados, apaixonados, consegui senti-lo.
Deixei-me levar. O seu corpo, as suas mãos sobre mim, sobre o meu corpo. Quando eu dizia que ambos tínhamos vidas separadas, era verdade, mas nunca estiveram tão ligadas como naquele dia. Éramos certos, perfeitos um no outro, sobre o prazer, que era muito mais que isso.
No entanto, embora eu não lhe pressionasse para falar sobre o seu passado e ele sobre o meu, o dele intrigava-me imenso, como podia eu tirar essa ideia da minha cabeça sem lhe dizer?

(continua...)

 

 
13
Jun17

As asas que me fazem voar (9)

Carolina Cruz

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Eu estava em dúvida, em constante dúvida, não sabia o que queria. No entanto, fui a Coimbra sem lhe dizer, fiz-lhe uma surpresa, mantive o meu lugar sereno como uma simples fã e aproveitei o concerto de forma tranquila. Mandei-lhe uma mensagem antes do concerto: “Vou estar na primeira fila” e ele não acreditara.
O concerto como todos os outros fora perfeito, a sonoridade das vozes tornava tudo excecional. No entanto, naquele dia, ao olhar com outros olhos, sim, pode-se dizer “olhos de amor”, eu consegui decifrar que Jade, a rapariga que o acompanhava, o olhava de outra forma, havia dor no seu olhar, como que a pedir clemência, amor e ao mesmo tempo vingança e atenção, quem seria ela? Ou que história teriam eles?

(continua...)

12
Jun17

As asas que me fazem voar (8)

Carolina Cruz

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O sol nascera, a madrugada terminara, ele tinha de partir e eu também.
- Vem comigo, vou estar em Coimbra na próxima semana!
Abanei a cabeça, ia começar o meu estágio dali a uma semana. Não podia fazer noitadas. Tinha de me concentrar ou chumbava e perdia tudo aquilo que sonhara ser.
Ele assentiu e não ficou bravo, não me prendeu. O que tínhamos era especial, mas não, de todo, sério. Eu tinha a minha vida, ele tinha a dele, iriamo-nos voltar a encontrar, até porque nenhum de nós ficou indiferente e os nossos números estavam gravados na agenda um do outro, os nossos sorrisos no coração.

(continua...)

11
Jun17

As asas que me fazem voar (7)

Carolina Cruz

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Ele não deixou que eu respondesse, pegou na minha mão e fez com que eu não tivesse opção de escolha.
Atracámos no porto e as suas palavras eram mágicas, porém eu continuava sem querer quebrar o gelo.
- Por mais que possas pensar, isto nunca aconteceu comigo.
- O quê?
- Apaixonar-me perdidamente.
O meu coração martelou desalmado para fora do peito.
- Não foi quando disseste as primeiras palavras ou desde o primeiro momento que eu me apaixonei por ti, foi quando percebi que eras diferente de todas as outras.
» Há milhares de raparigas, todas as iguais, diferentes, sexys, bonitas como tu, que não entendem que somos pessoas normais como elas, que somos humanos, que erramos, que defecamos, que também cheiramos mal, elas só conseguem olhar para mim como um ser que domina, que é conhecido, bonito.
» Tu não, tu olhaste para mim por dentro, foste à minha alma, àquilo que chamas de meu talento, tens conversas interessantes, és inteligente, e não te inibes ou me seduzes de forma interesseira, por ser quem sou.
Era impossível não olhar para a nossa diferença de idades, eu tinha 22 anos, ele 33 anos, mas que me importava isso se nas conversas tudo parecia coincidir na perfeição?
Terminou as suas palavras com um beijo longo e eu cedi. Como resistir à verdade? Eu também estava apaixonada. Não sabia o seu passado, mas sabia que ele estava ali à minha frente, nem as suas palavras nem o seu olhar me mentiam, eu só queria aproveitar o momento.

(continua...)

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