[Ficção] Não queiras saber de mim
Não queiras saber de mim. Não venhas agora com desculpas, com perdões ou certezas.
Esquece. Aliás, esquece-me.
Há coisas que o meu coração mole aprendeu a não perdoar. Ele não ficou frio, apenas se cansou de se aquecer ou vibrar pelas pessoas que são constantemente indiferentes para com ele.
Acabou o coração que vive para todos, incluindo os ingratos. Acabou a alma que abraça ainda que magoada. Não dá mais.
Não queiras saber de mim, porque vens agora, que estás só, sem mais ninguém.
Podes dizer à vontade que mudei, não vou interessar-me pelo que tu pensas, não tenho tempo para isso.
Mudei sim, mudei e sinto-me bem com isso, estou mais calma, importo-me mais comigo mesma, estou em primeiro lugar na minha vida.
Pergunto-me a mim mesma: Queres sofrer por quem não merece?
Nada disso.
Quero amar, amar-me, sentir a vida. Sorrir, sorrir muito, sorrisos mil
Tu não mo permitias, contigo já não me conhecia, e é nos ombros de um amigo que devemos ser tudo, inteiramente. E se não me recebes como sou, se só queres a minha companhia quando estás só. Esquece, esquece-me.
Não queiras saber de mim, que eu já esqueci, esqueci-te, já não quero saber de ti.