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Jun17
As asas que me fazem voar (11)
Carolina Cruz
Pensava nisto, enquanto dormia no seu peito. Pensava também para comigo que o tempo haveria de se encarregar de trazer o que era certo para ambos, de dar espaço e confiança suficiente para nos abrirmos um à outro, sem medos ou rodeios, só tinha de mostrar a minha perseverança em permanecer ao seu lado, acontecesse o que acontecesse.
O que não imaginaria é que ao me levantar para tomar o pequeno-almoço descansada, enquanto Jack dormia, Jade lá estivesse à minha espera, para falar comigo. Não trazia um ar de loucura, nem de raiva, apostava num ar sereno e sentou-se na minha mesa sem tão-pouco eu ter dado autorização para que o fizesse.
- Miúda. – insurgiu-se ela. – ele vai-te magoar. Não sei qual foi a cantilena desta vez, mas não penses que lá por estudares música que será diferente ou que ele te acha original. Esquece! Ele arranja sempre algo em comum com as miúdas, mesmo que não tenha.
O seu ar era sincero, contou-me a sua história com ele, relatou-me quase todos os factos que ele não me dissera e deu-me a conhecer um Jack que eu pensava que nunca iria conhecer, um Jack mentiroso, sujo, demasiado impuro, um verdadeiro bardamerda.
Talvez não o devia ter feito, mas reagi a quente, fiz as minhas malas e disse-lhe para não me dirigir mais a palavra, eu não tinha nascido para ser mais uma, um divertimento ou uma noite bem passada, e… como tinha sido boa a noite anterior…
Jack ainda disse «mas Katie…» e eu não quis ouvir, bati a porta e vim-me embora.
Segui para Bragança de olhos vidrados e o coração estilhaçado em pequenos pedacinhos de nada e de tudo… tudo aquilo que desejara, tinha caído por terra, eu não seria mais a mesma…
(continua...)