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Jun17
As asas que me fazem voar (12)
Carolina Cruz
Era uma dor insuportável, uma dor que nunca sentira por mais ninguém. Por mais que tentasse, não conseguia fazer nada de jeito no estágio e mesmo antes que as candidaturas fechassem decidi partir, escolher um novo rumo e Paris foi a escolha. Queria-me libertar de tudo, de tudo o que deixei em Bragança. Em Portugal, mais concretamente.
Porém, quando tinha a certeza que não nos iriamos reencontrar neste lado da Europa, eu voltei a encontra-lo.
Porquê? Porquê ali?
Várias semanas tinham passado, um mês e tal talvez.
É claro que ainda não o tinha esquecido, mas o ritmo que levava não me deixava, pelo menos, chorar ou que a mágoa tomasse conta de mim. E quando eu julgava que tudo podia mudar comigo, ele tinha deixado uma série de concertos, uma agenda preenchida, para se justificar presentemente à minha pessoa.
Porque é que ele insistia em mudar a minha opinião? Ou seria ele que tinha mudado?
Os seus olhos pestanejavam constantemente, as suas mãos suavam e tremiam. Ele estava ali para contar a sua versão da história. Depois de tudo o que sofri, estaria eu disposta a ouvi-lo? O meu coração disse que sim!
(continua...)