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Jun17
As asas que me fazem voar (6)
Carolina Cruz
- Eish, esta música… - dizia ele.
E a conversa desenrolava-se alegremente. Jay era alguém bastante fácil de se falar sobre música. Tinha tirado o mesmo curso que eu há mais de dez anos, pois era praticamente a diferença que fazíamos um do outro.
A Guida só se ria. Embora minha amiga, ela não tinha grande conhecimento musical a não ser por insistência minha.
Confesso que não a inserimos na conversa, porque segundo ela, nada mais existia além de nós e a música.
- Take on meeee! – cantava ele.
Ele não se importava de quem era ou se as pessoas o olhavam ou se iam chateá-lo, o que felizmente não o fizeram com frequência.
A certa altura, a Guida levantou-se na mesa.
- Katie, vou-me embora para o hostel. Importaste?
- Sabes ir sozinha?
- Queres que te leve? – perguntou Jay
- Não, é já aqui a cima… Lembraste?
- Pois é. Quando chegares diz.
- Sim, diz. – disse ele.
Guida deixou-nos sozinhos. Quando chegou ao hostel, disse ter chegado bem e eu fiquei descansada.
Voltámos à conversa. Eu não o conhecia, não sabia como é que ele era como pessoa, mas sabia-me tão bem estar à conversa com ele.
Falámos sobre os meus dotes para tocar violoncelo.
- Tens de me mostrar isso! – disse ele sorrindo, pronto para encostar o seu rosto ao meu, como quem procura um beijo.
Momento esse interrompido pelo empregado do bar. Parte de mim agradeceu.
- Desculpe, mas vamos ter de fechar.
Eram 4h da manhã e a noite ainda era cerrada.
- Vamos ver o luar sobre o Tejo? – perguntou-me.
Fiquei perplexa, o que haveria eu de responder?
(continua...)