[Cinema] O fim da inocência
"O fim da inocência" é um filme de Joaquim Leitão, baseado no livro com o mesmo nome, da autoria de Francisco Salgueiro.
É aqui que começa a minha primeira crítica na frase "baseado no livro de..."
É baseado, sim... mas um pouco (ou ligeiramente) baseado. Porque quem leu o livro sabe do que estou a falar.
Não quero com isto dizer que o filme está péssimo, não... nada disso! Porém, quem conhece a verdadeira história da Inês, escrita na primeira pessoa (baseada em factos verídicos), por Francisco Salgueiro, sabe que a Inês não é inicialmente tão inocente como a do filme.
Pode ser a Inês do filme onde a sua primeira vez não é (de todo) um sonho, mas por aí a diante, há muitas falhas em contar, no filme, a verdadeira história real de Inês.
O fim da inocência, tanto o livro como o filme abordam o viver no limite do risco dos jovens portugueses. Falam-nos de Inês, a menina perfeita, filha de gente rica, da linha, mas que de certinha não tem nada, pois vive intensamente num mundo do sexo, alcóol e drogas que os pais nem tão pouco imaginam existir na vida dos filhos.
E é enquanto, não mãe, mas educadora, que denoto aqui a minha opinião de que enquanto o livro educa no sentido de alertar para o cuidado a ter, por exemplo com as doenças sexualmente transmissiveis ou os efeitos a longo prazo das drogas, o filme parece-me adverter pouco nesse sentido.
O livro adverte muito mais para esse facto e não querendo entrar com spoilers, ao contrário do livro, o final do filme é um pouco ou bastante mais leve do que o final verdadeiro de Inês.
Mais uma vez não quero com isto dizer que não gostei do filme, mas a certo ponto desliguei-me um pouco do que tinha lido há uns anos e pensei para comigo "estou a assistir a outra história, embora idêntica" e o filme está bom.
Está bom, no sentido que não nos poupa a mostrar a crueza das cenas, começa por chocar, de forma forte e feia, e isso é bom, e também um alerta.
Tem uma boa caracterização, um bom elenco e descreve de forma pura e dura, a nudez, não só a nudez dos corpos mas a nudez de mente pela qual se caracteriza a maioria (não generalizando é claro) da sociedade e dos nossos jovens de hoje em dia.
Quero terminar dizendo, para verem o filme, se suscitar interesse da vossa parte, mas muito mais importante que isso, continuo a dizer, é lerem o livro.