27
Fev18
[Ficção] Obrigada, apesar de tudo, por tudo.
Carolina Cruz
Ouve, dei-te tudo. O meu coração, o meu amor, a minha casa, a minha estima, o meu carinho, cultivei-te e tratei de ti como o Principezinho tratava da sua rosa: com amizade.
Mas tu não quiseste ficar. Sozinha eu não podia fazer nada, pois a amizade, tal como o amor, tem de ser regado por dois, senão não existirá correspondência, cumplicidade.
Tu desististe, foste-te embora, deixaste que a minha admiração por ti morresse e nada disseste para que essa dor diminuísse.
Dizem que “a amizade é um amor que nunca morre”, será que as que se perdem foram amizades de passagem? Não foram nada disso?
Eras a minha melhor amiga… ou nunca chegámos a sê-lo?
O tempo nem sempre é o culpado, fui eu? Foste tu e não disseste?
Se fomos melhores amigas porque nunca disseste o que sentias? Por que me deixaste a remoer em algo que podia não ter culpa? Por que deixaste este amor infinito morrer?
Porque eu sou assim, às pessoas da minha vida, eu amo-as, protejo-as, quero-lhes bem, quero tê-las do meu lado, sempre.
Agora que esta ferida que cicatriza no meu peito, já não dói tanto, aprendi que amar, mesmo quando fere, é deixar partir alguém que não nos quer na sua vida e se respeitarmos isso, não porque essa pessoa mereça, mas pela nossa paz interior, estaremos em paz e apesar de tudo, somos gratos porque tal como disse o Principezinho “os que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Por isso, agora que a raiva passou, a poeira assentou, só quero que, de mim, leves o melhor, porque recordarei o que de melhor de nós ficou.
E porque sou grata à vida, agradeço-te: obrigada, apesar de tudo, por tudo.