[Ficção] Não quero saber
Podes vir dizer o que bem quiseres do passado dele, de quem ele foi, de como foi. Mesmo que queiras omitir o que tu foste, quem ou como foste para ele. O que passou passou. Não quero saber. Eu recebi-o de braços abertos, com feridas abertas também, conheci o passado que ele me contou. O teu eu não quero saber, ou melhor – o vosso. Passou. Sei que ele saiu magoado, que tu também, que tens o teu lado, ele também. Eu permaneço ao lado dele, do lado dele, e ainda que possas querer-me dizer algo para me alertar, eu não vou querer ouvir. Eu sei que ele permanece comigo, que é ele quem eu quero, que sou eu quem ele quer, e então queremos mais nada, nada mais importa.
Eu recebi-o, com o teu passado ainda por fechar, mas houve algo que em mim o marcou, sem rodeios eu tornei-me na sua melhor amiga, muito antes de ser sua namorada, permaneci a sê-lo e só assim vale a pena. Foi isto que não preservaste, esse lado (tão) bom, a sua amizade, o seu jeito genuíno de ser. Apenas soubeste idolatrá-lo, querer dele tanto o quanto ele não te podia dar, encheste-o de seduções e ciúmes e o que lhe faltava realmente era um ombro amigo, uma verdadeira amiga. Só assim as relações valem a pena e só assim é que elas duram, porque não é o sexo que as mantém mas a amizade.