[O teu olhar] O que é o amor?
Vim buscar-te às minhas memórias.
Vim passear pelos campos onde fui mais corpo que saudade. Onde fui mais pecado que certeza. Mas que importa? Nascemos para marcar a vida um do outro, não para ficarmos juntos.
Nem todas as histórias de amor têm de ter um final feliz.
Eu nem tão pouco sei se era amor.
O que é o amor? Um corpo nu que se apaga entre as cinzas de um casamento morto? Um “quero-te para sempre” nesse amor escondido?
Porquê amor se não cumprimos todas as promessas?
Porquê amor se era proibido? Se era escondido? Vagabundo?
Por que é que o meu corpo se fundiu sobre toda a lezíria estonteante do teu abraço que não perdurou?
Se fosse amor… tu estavas aqui, certo?
Se fosse amor teria resultado.
Não. O amor nem sempre resulta. O amor nem sempre é um mar de rosas. É uma poeira invasiva que nos cega e nos morde os olhos de calor. O amor é uma forma insana de te querer mesmo sem saber quem és ou o que contas.
O amor é não saber porque te amo, é não saber porque ainda guardo estas memórias de ti, se não passaste de uma miragem e de uma sedução que terminou.
Eu fui apenas pele para o teu prazer. Fui corpo para a tua pele sentir. Nada mais que nada. Embora tenhas sido tudo. Para mim, amor. Para mim, fomos enrolados de sorrisos imundos e finitudes capazes de me fazer sonhar.
É amor porque embora não tenha resultado, eu não esqueci.
O meu peito dói como doeu a secura do teu beijo.
Se eu jamais te tivesse amado, eu não permaneceria aqui, à margem de tudo. À tua espera.
(Fotografia da querida Melanie Moreira, do blog "That Girl", visitem, serão muito bem recebidos!)