[O teu olhar] Âncora
O destino no seu esplendor.
O destino a ser, a afastar-nos, a mover-nos para direções contrárias.
Não há direito.
Isto é mentira.
Não, não é verdade.
Somos duas metades que se completam.
Duas almas que furam a floresta juntas, que amam a natureza de ser.
Somos dois corpos perdidos no vazio, mas orientados pelo amor.
Não, nada nem ninguém é quimera suficiente que nos possa afastar.
Nem o destino.
Nós é que somos (e sempre fomos) destino.
Fomos feitos um para o outro, de forma tão certa, tão coerente, tão precisa, tão nossa, desde os confins do tempo.
Somos flores que florescem juntas, somos os mesmos braços, o mesmo coração.
Somos uma linha de amor como uma bonita trepadeira, que cresce sem esmorecer.
Jamais nos cortarão os braços e se nos deixarem à deriva, seremos sempre a âncora um do outro, para tudo, para o que der e vier…
Somos dois corpos dedicados a tudo o que somos.
Somos duas almas a ser (tão completamente) tudo o que somos.
Sem mais nada, sem mais ninguém.
Uma flor, uma âncora, um amor.
(Fotografia da autoria de Verónica Pedro)