[Ficção] Diz-me
Diz que me odeias para que este torpor que invade o meu peito me diga que estou enganada sobre tudo o que sinto e penso sobre ti.
Caramba, ninguém pode entrar assim na vida de alguém depois de ela nos levar tudo e oferecer-nos todos os sonhos de uma só vez.
Não posso, não quero. Não quero aceitar que és verdade, quando toda a minha vida foi uma mentira pegada.
Ouve, porque é que achas que sou bonita? Interessante? Por que razão me dás a mão quando choro por dentro e ninguém vê? Só tu pareceste ler a minha alma em toda a história da minha vida e, como estúpida que sou, não aceito que seja verdade.
Não pode ser verdade, não consigo entender nada do que sente o meu coração, não consigo entender os meus pensamentos… e esses sempre estiveram tão longe! Hoje estão perto, muito perto de ti.
Diz-me que me odeias para poder ter a certeza que longe do que sinto é um lugar melhor. Não tentes entender estas palavras, até eu estou a milhas de perceber… Só queria deixar de pensar demais. Queimo tudo o que sou ao pensar, sobretudo a minha sanidade mental.
Diz que me odeias, bate com a porta, resmunga, diz que não sou uma pessoa ideal para ninguém, ofende-me.
Caramba, és perfeito demais para ser verdade.
Diz-me tudo isso porque mereço, mas se depois quiseres, volta. O que sou precisa de sarar, o que sou precisa de ti.