[Ficção] Sou inteira!
O tempo. Esse maldito jogo onde nos perdemos, onde nem sempre vencemos.
Somos nós, tudo aquilo que vivemos, tudo aquilo que cobrámos à vida. Somos meias palavras, meias verdades, presentes incompletos e futuros incertos.
Somos tudo, somos nada. Somos o meio-termo e eu estou cansada. Cansada de não te viver a cem por cento, de não te poder amar na inquietude em que se deve viver um amor e eu embora não queira de todo perder-te, acho que vivo melhor sem ti.
És a felicidade e o desgosto, mas há tanta coisa em ti que me faz querer-te por perto e tanta coisa em mim também. Sabes o que permanece em mim e que te faz ficar? A baixa autoestima, o medo de não ter mais ninguém, esta falta de amor por mim própria, este tamanho amor por ti.
Queria que o tempo decidisse, queria que ele me oferecesse o melhor, porque eu já não tenho forças para dizer que não te quero mais, mesmo que te ame.
Por isso, faço-me de forte, engulo as minhas lágrimas e respiro o tempo, olho o futuro e procuro fé no meu ser, sento-me e digo-te com um sorriso nos lábios: Não posso viver pela metade, sou inteira!