Hoje trago comigo, para uma escrita a duas mãos, a simpática Liz. Se não sabem quem é a Liz, acho que deviam tratar disso, porque é um amorzinho, das pessoas mais simpáticas que eu conheço pela blogosfera. Tratem de espreitar o seu cantinho "find equilibrium".
Quanto à história que nos apresenta é mesmo a sua forma de ser - doce - vamos conhecer? 'Bora lá então!
"Hoje a cidade estava movimentada. Era dia de mercado pelas ruas e avenidas até ao final da noite. A minha rotina não tinha mudado muito, acordo, corro para o banho e tirei do guarda-roupa um vestido branco com florzinhas azuis, tomo o meu belíssimo pequeno-almoço de domingo e coloco Etta James no aparelho.
Não sei porquê, hoje em especial sentia-me bem. A minha alma estava fresca, o cabelo leve e apetecia-me abraçar o mundo. Estava indecisa o que iria fazer hoje. Arrumei a mala, coloquei a máquina fotográfica na mala, iPod e os fones. Telefonei a uma amiga e ainda demorou a atender. Só apenas à terceira tentativa reforcei que estava a precisar de sair de casa e divertir-me com ela.
Fomos ao jardim secreto perto do rio, apanhamos rãs e vimos as libélulas a pousar nos arbustos. Saquei logo a máquina fotográfica e deixei a imaginação fluir. O sorriso e a boa disposição da minha amiga é contagiante, colocou ideias divertidas, nela, em mim, no espaço onde nos encontramos. A sensação desta companhia é tornar os momentos inesquecíveis, saber que nunca estamos e nem podemos nos sentir sozinhos na vida
O almoço foi delicioso, as fantásticas sanduiches, o sumo natural de manga e maracujá e o cheesecake de framboesa estava genial. Nunca saboreei desta maneira, cada toque amargo, doce, salgado e consistente de uma trinca. Vi o tempo passar fugazmente e a minha amiga teve que me abandonar e com muita pena minha, fui ao mercado sozinha.
Direcionei-me para os CD’s e livros. Estava pouca gente naquela banca, embora achasse estranho, podia estar a descobrir novos e antigos artigos à vontade. Os preços eram convidativos e Beatles estavam a olhar para mim. Num movimento rápido, virei-me para ir pagar e vejo um homem alto, moreno, vestido de branco e ganga e veio contra mim. As clavículas era familiares, a estrutura do rosto e o olhar. Reencontrei um amor perdido.
Cumprimentou-me, e eu envergonhada retribui com um beijo na cara. Foi o beijo mais singular que já lhe dei, as bocas já se encontraram mas não vejo voltar a acontecer. Insistiu em saber como estava, ofereceu-me o CD e um convite para um café. Já desesperava por um café mas com ele, não sabia como me sentir.
As pernas tremiam, estava ansiosa e gaguejava nas palavras. Ele punha-me nervosa, depois de um ano desencontrado. Nunca mais o procurei. Abandonou-me com um bilhete, fiquei magoada e houve alturas que me revoltava com os meus pensamentos. Não sabia o porquê mas também não tencionava tocar no assunto. A conversa estava simpática e não queria estragar tudo. Acabou o mestrado recentemente em Economia e Administração de Empresas, mudou de cidade, tem um novo projeto que ainda não quis contar e encontrava-se numas mini férias.
Já estava a anoitecer e as luzes pequeninas e brancas iluminaram o mercado, pareciam estrelas maiores que se encontravam por cima de nós, como um céu mais próximo. Caminhávamos enquanto conversávamos e eu gostei disso, fez-me recordar os momentos que vivemos juntos. Ele pára, coloca-se à minha frente, e eu bem mais pequena que ele, olhava para os olhos dele..."
E não resistimos de novo, um ao outro, como da primeira vez. Os seus ombros largos abraçavam o meu pequeno e esguio tronco. Abraçá-lo foi respirar os velhos tempos e beijá-lo foi acreditar que todos nós podemos perdoar o nosso passado.
- Desculpa. – Disse-lhe.
Ele sorriu.
- Não precisas de te desculpar. Eu também o quis. Posso ter tido muitos problemas naquela altura, posso ter sido uma besta, posso não ter querido ter-te desta forma, esquivei-me aos sentimentos mais sérios e feri os teus. Mas movi mundos e fundos para te reencontrar, aquele encontrão foi uma desculpa para te voltar a ter nos meus braços. Danças?
- Aqui, na rua?
- Porque não? Esqueceste-te como olhávamos o céu e imaginávamos todas as estrelas como se fossem o brilhar de uma pista?
- Como memória dos velhos tempos… Aceito. – E sorri. O meu sorriso reviveu tudo de outrora, como se eu tivesse entrado numa máquina do tempo.
Encostei a minha cara ao seu ombro e uma lágrima escorreu-me pelo rosto. Não contive emocionar-me, mesmo sem querer, mesmo sem saber como, aceitei-o de volta, ele colou todos os pedacinhos partidos do meu coração.
Ambos errámos, fomos incorretos um com o outro, mas hoje, hoje se tornou certo e certeza. Não havia tempo, não havia memória, não havia mundo lá fora. Apenas o nosso, apenas nós dois, de novo, um com o outro, um para outro.
Ficámos em silêncio, como se esse silêncio dissesse tudo.
- É acreditável como sempre soube que eras a mulher da minha vida. – Disse ele, por fim, pude olhá-lo nos olhos, nos seus olhos que também choravam, esses olhos que perdoei por amar tanto. – Eu cresci, hoje sei tomar conta das minhas responsabilidades. Saberei tomar conta desse sorriso também.
Olhei para a minha vida de trás para a frente, olhei para aquela manhã de sorriso posto ao acordar, decerto era o meu coração a imaginar este fim de dia, esta história de amor, este começo de uma nova etapa.
E sim, esqueçam essa parte do “viveram felizes para sempre”, porque histórias de amor verdadeiro nunca terminam.