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Gesto, Olhar e Sorriso

Palavras que têm vida.

01
Jul17

[O teu olhar] O que é o amor?

Carolina Cruz

That Girl Melanie Moreira.JPG

 

Vim buscar-te às minhas memórias.
Vim passear pelos campos onde fui mais corpo que saudade. Onde fui mais pecado que certeza. Mas que importa? Nascemos para marcar a vida um do outro, não para ficarmos juntos.
Nem todas as histórias de amor têm de ter um final feliz.
Eu nem tão pouco sei se era amor.
O que é o amor? Um corpo nu que se apaga entre as cinzas de um casamento morto? Um “quero-te para sempre” nesse amor escondido?
Porquê amor se não cumprimos todas as promessas?
Porquê amor se era proibido? Se era escondido? Vagabundo?
Por que é que o meu corpo se fundiu sobre toda a lezíria estonteante do teu abraço que não perdurou?
Se fosse amor… tu estavas aqui, certo?
Se fosse amor teria resultado.
Não. O amor nem sempre resulta. O amor nem sempre é um mar de rosas. É uma poeira invasiva que nos cega e nos morde os olhos de calor. O amor é uma forma insana de te querer mesmo sem saber quem és ou o que contas.
O amor é não saber porque te amo, é não saber porque ainda guardo estas memórias de ti, se não passaste de uma miragem e de uma sedução que terminou.
Eu fui apenas pele para o teu prazer. Fui corpo para a tua pele sentir. Nada mais que nada. Embora tenhas sido tudo. Para mim, amor. Para mim, fomos enrolados de sorrisos imundos e finitudes capazes de me fazer sonhar.
É amor porque embora não tenha resultado, eu não esqueci.
O meu peito dói como doeu a secura do teu beijo.
Se eu jamais te tivesse amado, eu não permaneceria aqui, à margem de tudo. À tua espera.

 

 

(Fotografia da querida Melanie Moreira, do blog "That Girl", visitem, serão muito bem recebidos!)

23
Mai17

[Ficção] Oh, meu amor!

Carolina Cruz

tumblr_static_idosos_.jpg

 

Oh, meu amor...
Como o tempo passou!
Já não és mais a menina ladina de tranças, mas esses olhos cor de limão ainda permanecem com o mesmo brilho!
Como o tempo passou por nós...
Erámos meninos e eu vivia no teu coração!
Hoje vives também no meu, num casamento tão bonito.
Não me esqueço nunca como eras rabugenta, como eu me ria com o teu mau feitio. A mulher ciumenta que sempre se preocupou e que, na verdade, sempre amei.
Faltam-me as palavras...
Por ti, tudo quero.
Por ti, tudo fiz, tudo farei.
Por isso morrerei de desgosto ao ver-te partir...
Oh, meu amor...
 

 

15
Jun16

[Completas-me] Com Chic'Ana

Carolina Cruz

Tenho hoje o prazer de apresentar a Chic'Ana no meu blog, com um texto que me deu uma enorme "pica" continuar... Acho que juntas fizemos um trabalho perfeito. 
Espero que estejam a gostar tanto desta rúbrica quanto eu! Espero igualmente que gostem deste texto poderoso que escrevemos a meias, confiram lá:

 

A história de Susana

 

"Estávamos num bonito dia de Outono, Susana era feliz! Feliz com o emprego que tinha, feliz com a bonita família à qual pertencia: dois irmãos mais novos, e uns pais que eram o seu verdadeiro pilar e inspiração. Mal sabia ela que a sua felicidade estava prestes a aumentar, porque Marco, o seu namorado de há dois anos, preparava-se para fazer o tão aguardado pedido de casamento. Combinou tudo com a família de Susana e preparou-lhe uma surpresa enorme.
Susana, radiante, respondeu-lhe que sim, amava-o do fundo do coração, respeitava-o e acima de tudo, sabia que era este o seu destino. Fizeram todos os preparativos para o grande dia, e passados 8 meses estavam casados. Marido e mulher!
Tiveram uma lua-de-mel de sonho e os primeiros dois meses foram realmente maravilhosos. Até que a empresa de Marco encerra a filial em Portugal e muda-se para Angola. Marco, que adorava a sua profissão, nem ponderou ficar no país. Preparou malas e bagagens, rumou a Angola e deixou somente uma nota a Susana, com uma explicação e um bilhete de avião para ela.
Susana ficou em êxtase, sempre quisera ir a Angola, tratou de toda a documentação necessária, e passados 15 dias juntava-se ao seu marido.
Mal chegou foi recebida de braços abertos pelo seu companheiro. Foi encaminhada para uma vivenda de dois pisos e aconselhada a não sair de casa, porque os empresários estavam sobre fogo cerrado.
Marco saía pela manhã cedo e voltava já Susana se encontrava a dormir. A cada dia que passava, Susana encontrava uma alteração na casa: nos primeiros dias eram portas trancadas, limitando cada vez mais a sua área de circulação. Mas confiava cegamente em Marco, e pensava que era para a sua própria segurança. Nos dias seguintes, já havia janelas entaipadas mal distinguindo quando era dia ou noite. Foi-lhe retirada toda e qualquer tecnologia, dependendo de Marco para conversar e até para a alimentar…"

A história de Susan.JPG

Dia após dia, o medo apoderava-se dela, desconhecendo já o homem que com ela vivia, Angola era perigosa… dizia-lhe ele, sempre suado, mas havia algo mais. Susana desconfiava de algo mas dizer-lhe algo era também temer a própria morte.
Até que um dia Marco não jantara, Susana adormecera cedo, acordando mais tarde com uns barulhos estranhos no pátio ao qual não tinha acesso. Silenciosamente conseguiu fazer um buraco na “cortina de ferro” como ela lhe chamava. Apercebeu-se então que os barulhos que ouvira eram gemidos perpetuados e intensos de prazer, Marco penetrava sem dor desmedida de trair, uma rapariga nova, atraente, notava-se que a bebedeira era a razão de encantamento, mas não uma desculpa. Aquilo durava há mais tempo, desde que ela vivia ali, talvez a jovem rapariga nem soubesse da sua existência, pois a escrava mantinha-se ali fechada, prisioneira. Embasbacou, o corpo cedeu, chorou, a vida que sonhara acabara num pesadelo e o que ela não imaginava era que a vida dela acabaria ali nas horas em que chorava.
Angola era realmente um mundo que a beleza das telenovelas não mostrava, ali era matar ou morrer e só um corpo forte aguentava toda a pressão, não foi o que acontecera com Marco, que também perdera tudo, até o discernimento.
Ao ouvi-la chorar, entrou de rompante pela casa dentro, berrando em desatino.
- Não me faças calar-te.
- O que se passa contigo Marco? O que é feito do homem que eu amava?
Ele pegou-lhe pela cintura e quando ela pensava que um pedido de desculpas surgiria, mesmo sem perdão da parte dela, a rigidez da sua face não mudou, piorou.
- Queres o mesmo? Que te faça o mesmo? – Beijando-a de forma repugnante ainda com o sabor da outra mulher. – Ela não sabe de nós, nunca saberá.
- Porquê tanto amor antes e tanto ódio agora? O que te fez enlouquecer?
Ele insistia que ela precisava de descontrair, com um momento intenso como há tanto ele evitava, mas agora com um olhar longínquo, forçando-a.
Susana gritou o mais alto que pôde, que as suas cordas vocais permitiram, mas a asfixia calou o que restava de todas as palavras que nunca mais disse.
- Matei a minha mulher. – Gritou Marco, à porta, chorando, após cometer o tão terrível crime.
O amor à empresa sempre fora maior, Susana é que nunca percebera realmente, a depressão pós traumática depois de tanta mudança só veio mostrá-lo, o que Marco fez com Susana foi uma defesa para ter poder sobre alguém, o traí-la foi o motivo para ela o deixar de amar pois ela não o merecia e se não o merecia, também não merecia viver.
Foi a declaração do seu advogado perante o tribunal, inconsequente ou premeditado, uma morte terminou a história de uma jovem mulher com mil sonhos por viver.
Uma de tantas. Não deixes que esta história um dia seja tua.
Por favor, não te cales agora, antes que to façam para sempre.

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