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Gesto, Olhar e Sorriso

Palavras que têm vida.

11
Jan18

[Ficção] O que houve em nós findou

Carolina Cruz

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Apoderei-me de ti com medo de te perder.. Diziam que sentir ciúmes era sinal de que te amava. Mas o meu controlo foi desmedido e fui eu que findei o que houve em nós, aquilo que mais temia aconteceu, perdi-te, por minha tão grande culpa.
Prendi-te a cada passo que davas, queria mais e mais, amor sem cessar, queria-te para mim, a todas as horas, a todos os minutos.
Tornei-me obsessiva, controladora, controlava os teus passos, sonhava com um futuro, imaginava anos de amor e perder-te era perder tudo isso e eu temia, temia demais e não sabia temperar este amor desmedido que te magoou.
Tu amavas-me e não precisavas de mais nada que não fosse eu amar-te de volta. Estavas farto, cansado, não tinhas culpa, choraste, choramos, berrámos um com o outro e a culpa foi inteiramente minha. Não soube respeitar o tempo ou esse amor que por mim tinhas, desculpa.
Queria pedir que voltasses, mas a tua confiança não será a mesma e eu não quero que sofras. Eu não quero que sofras comigo, porque embora eu te queira de volta, eu não sei se consigo mudar, vou acalmar este fogo que me arde no peito, vou render-me à solidão, depois aceito uma palavra, se aceitares também e um abraço profundo que mesmo que a minha boca não diga, o meu corpo apertado no teu dirá: ama-me, que só isso me bastará, desculpa.

10
Abr17

10 # Existirá destino sem os sonhos?

Carolina Cruz

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Sara não sabia se era Manuel ou não, os anos tinham passado, mas não tinha passado assim tanto tempo no seu rosto, as feições estavam iguais. A forma como ele olhou para ela respondendo ao seu olhar surpreso pôde ter a certeza que era Manuel.
John sentiu a rapariga dos seus olhos distanciar-se por momentos.
- A tua paixão platónica passada. – Disse Joel.
- Sim, tu nunca nos enganaste Sara, eramoscrianças mas não burros. – Disse Filipe.
- Who?
- O rapaz que está ali ao balcão. Não lhes ligues. Era apenas o meu professor de teatro.
Não apenas, nem somente, tanta coisa, tantas recordações, tanta emoção ao vê-lo ali, em carne e osso, depois de catorze anos a ser apenas uma lembrança ou sonho.
- Vou cumprimenta-lo. – Disse ela, sem ter bem a certeza se conseguiria.
- Ok. – Disse John dando-lhe um beijo na testa. Estava dividida, mas queria-lhe mostrar que a sua vida seguira em frente, que aquele sonho inacabado não era uma dependência. No entanto, de certa maneira, era. Era mesmo.
Um sorriso envergonhado disse olá a um rosto emocionado.
- Sara? – Os seus olhos pareciam brilhar.
A Sara estava ali depois de tantos desertos, de tantas estradas, de tantos muros, houve uma ponte que a trouxera até ali. Como os anos tinham passado por ela, embora continuasse a ser a rapariga sonhadora e lutadora que aspirava ser, Sara estava uma mulher madura, sedutora, que quebrava de novo o seu coração.
- Posso dar-te um abraço? – Perguntara Manel. Mantinha o seu jeito de intervenção teatral, sempre sincera e genuína.
Sem questionar Sara deu-lhe um abraço apertado! Os seus corpos comunicaram nesse encontro.
- Lembraste dos meus irmãos? – Perguntou desviando o assunto.
- Claro que sim. – Disse Manuel a virar-se para trás e a acenar-lhes. – Vi-os no outro dia, estão uns homens feitos.
Que conversa de chacha quando o que há para dizer é tanto, pensavam ambos, sem saber o que pensava cada um.
- Deixa-me convidar-te para te sentares connosco. – Disse Sara.
- Não posso estou acompanhado. – Disse ele, embicando o rosto em direção a uma rapariga loira, alta e magra, de sorriso bonito.
- Tudo bem. – Disse Sara, um pouco desiludida.
Mas porquê desiludida se também ela estava acompanhada?
- Mas posso convidar-te para tomarmos o pequeno-almoço na segunda de manhã. Que dizes?
- Claro que sim.
Claro que sim, o tempo tinha passado, o amor também, a paixão igualmente. Porque é que não haveriam de ser amigos?

 

(Continua...)

09
Abr17

9 # Existirá destino sem os sonhos?

Carolina Cruz

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- Sim e perguntou por ti.
O coração palpitava cada vez mais, Sara tentava ignorar, mas as suas perguntas pareciam procurar um caminho até ele.
- E onde é a sede? – Questionou Sara.
- É mesmo no centro, junto à pastelaria Sonhos Doces.
- Sei perfeitamente.
- Combinem um pequeno-almoço, o John até fica a conhecê-lo.
“Ok”, pensou alto Sara, não muito entusiasmada com a ideia. Um lado dela pedia para se reencontrarem, para fazer todas as questões ao tempo, a ele, a eles enquanto passado, enquanto presente e sentimentos desvanecidos ou não. Por outro lado, estava feliz, embora pensasse nele, não queria mexer no seu presente. Estava feliz, John era um bom rapaz, adorava a sua família e eles adoravam-no a ele. Ainda assim havia muitas reticências pelo meio, por causa de um começo de algo que não tivera fim e sim, apenas e só, uma despedida, que jamais fora esquecida.
Sempre que lembrava, tentava esquecer de novo. Era sábado, os irmãos tinha-lhes prometido apresentar-lhes novos restaurantes, fariam um roteiro a todos os bares, dos mais novos, aos mais rústicos, passando por clássicos, tabernas e bares com música ao vivo. Não poderia ir ter com Manuel a lado nenhum, não tinha o seu contacto, ao fim-de-semana, decerto, ele não trabalharia. Oh, na volta, já era casado e procura-lo era perda de tempo, e como o tempo nem sempre se esquece, beber e divertir-se ajuda!
Nessa noite, Sara recordou velhos tempos com os irmãos e nessa jornada pelos bares, John foi um companheiro. Entre sorrisos, penaltis e shots, gargalhadas surgiam, assim como olhares enternecedores e lábios com vontade de serem beijados.
Sara era a rapariga ideal de qualquer homem, era astuta, aguçada, inteligente, e em todas as suas qualidades apresentava uma sensualidade tremenda, ninguém lhe resistia, nem mesmo os desconhecidos, que olhavam de alto a baixo, ao verem-na passar.
John estava a conseguir naquela noite o que nunca conseguira em muito tempo. Embora dormissem juntos e fizessem sexo casual, aquela noite estava a ser muito mais do que ele sonhara, especialmente quando, antes de entrarem no último bar, com música ao vivo, Sara descera a calçada às cavalitas de John. Ao descer para o chão no seu olhar acendeu-se um beijo intenso, os seus lábios estavam quentes e a sua língua sabia a álcool, como se estivesse puro ao ponto de lhe queimar a boca e intensificar todo o seu corpo. Nunca antes tivera sido tão intenso, pelo menos com tanto sentimento da parte dela, sedução sempre houve, disso não havia dúvida.
Sara também o sentia, mas quis o destino que nesse bar reencontrasse o seu passado.

 

(Continua...)

18
Jan17

[Completas-me] com a Simple Girl

Carolina Cruz

A Simple Girl é uma rapariga extraordinária, fala-nos de sentimentos que nos enchem de vida, e como ela tem dito e revê-se no seu nome, o seu blog é uma simplicidade de desabafos, mas tal como ela eu venero a simplicidade das coisas, e tal como ela acredito que é isso que nos faz felizes. O texto que ela partilha connosco hoje expressa um amor que nunca morre: a amizade. Foi um texto que adorei tanto e que completei de forma tão certa, que nem parece escrito a duas mãos. Querem conferir?

 

"A vida nunca é como queremos ou como planeamos, e aquilo que mais queremos só vai acontecer quando menos esperarmos. Mas às vezes também nos acontecem coisas que não esperávamos e que mais valia não terem acontecido. E uma delas foi o sentimento que criei por ti. Não falo da amizade, que é verdadeira entre nós e em que só nós sabemos como lidar um com o outro. Falo sim desse sentimento que nos faz suspirar, ter borboletas na barriga, que nos assola o coração e que se chama “amor”. Não estava nos meus planos nem muito menos esperava que alguém entrasse na minha vida como tu o fizeste: de repente e apanhando-me completamente desprevenida.
Há coisas que não conseguimos entender e há coisas que não conseguimos explicar. E uma dessas coisas é o amor que sinto por ti, que apareceu do nada, sem eu querer e sem estar minimamente preparada. Ninguém sabe o quanto sofri sozinha ao esconder este sentimento de toda a gente. E porquê? Porque não consigo entender porque é que me apaixonei por ti sabendo de antemão que nunca passaríamos de amizade, porque não consigo explicar o quanto gosto de ti sabendo que não posso gostar desta forma, não além de amigo. Não consigo explicar a ninguém (e não tinha que o fazer) nem entender o como e o porquê de termos a intimidade e a cumplicidade que temos. Nem a mim própria consigo explicar como é que tudo isto aconteceu, como me deixei apaixonar por ti sabendo que isso não podia acontecer.
Mas é sabido que “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” e graças a esse amigo de todas as horas, o tempo, consegui começar a desapegar-me de ti. Não de uma forma total, mas aos poucos, com calma e gradualmente. Tu que entravas sempre pelo meu pensamento quando não devias agora já não entras tantas vezes. Tu que fazias o meu coração acelerar cada vez que te via, que me aproximava de ti, ou quando simplesmente recebia uma mensagem tua, agora já não o fazes tantas vezes como antes. Talvez tudo isto se deva mesmo ao tempo que cura tudo, ou à distância que nos separa fisicamente pois diz o ditado que "o que os olhos não veem, o coração não sente".
Quando me disseste que não sentias o mesmo que eu, podia ter ficado profundamente afectada. Mas não. Claro que fiquei triste por uns momentos, mas depois recuperei porque independentemente disso tens cumprido a promessa que me fizeste e nada mudou na nossa amizade. Segui em frente e apesar de tudo estou-te muito agradecida por..."

 

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Acreditares que posso seguir em frente, contigo a meu lado. Que embora não seja tua namorada, possa continuar ser a tua melhor amiga.
Eu sei e sei bem, que o tempo curou tudo, mas não sei se é apenas acomodação ao saber o que sentes por mim, porque, na verdade, eu questionei-me muitas vezes se a indiferença do meu pensamento em ti esmorecerá quando tu encontrares alguém e se o fizeres antes de mim.
Há uma parte de mim que dirá que ficarei feliz por ti, que vou querer conhecê-la, que quero que ela te faça muito feliz, porque bem mereces. No entanto, a outra parte, essa parte que o meu coração omite, talvez terá ciúmes, talvez quererá estar no lugar dessa rapariga, talvez chore, talvez sorria para esconder essa mesma tristeza.
Até lá não quero pensar, nem em ti, nem em ninguém, quero esperar que o tempo, esse mesmo que me tem curado, me faça encontrar alguém que possa retribuir esse amor que sentira (que talvez ainda sinta), aquele que nos faz levantar de manhã e agradecer não existir mais ninguém. Talvez quem sabe o destino não nos troque as voltas e nos diga que fomos feitos um para o outro, e se assim for estará escrito, se não for não tinha de acontecer. Disso não tenho certezas, porque só há uma certeza que tenho na vida, ter-te é a minha condição de liberdade e em ter-te, ainda que nesta cumplicidade de apenas amigos, eu sou feliz. Tenho a certeza que essa felicidade nunca terminará, que a nossa amizade será para sempre, venha o que vier.

28
Nov16

Pudesse o mundo ser feito de amor.

Carolina Cruz

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Realmente o amor pode ser tudo, liberta-nos de tudo o que possa causar desconforto. No entanto, também pode ser dor, chatear, fazer ciúmes, fazer sentir que a vida está nas nossas mãos.
Na verdade o amor pode ser tantas outras coisas de tão variadas maneiras e com tão variadas pessoas: pais, amigos, companheiros, avós ou até, incrivelmente, por alguém que nem conheces mas querias conhecer.
O que sentes quando dás um abraço apertado? É conforto, é amor que grita baixinho, escondido. A amizade é amor. Quanto não sabe bem abraçar a nossa mãe que nos conforta quando o amor é a palavra dor? Dá-nos amor que compensa, que se conserva pela eternidade, é amor imortal, ou pelo menos devia sê-lo. Existem amores que não o são e trocam-nos as voltas ao destino e vestem a pele de qualquer outro sentimento até outro chegar.
Amar é ser-se fiel, leal, seja com quem for. O amor que sentimos pelo namorado é aquele que nos faz sonhar, que nos faz agarrar a vida e lutar por um futuro a seu lado.
Amar um irmão é ter medo de crescer e ao mesmo tempo ter o sonho de acompanhar uma vida construindo a sua.
Amar os amigos é dizer-se arriscado, procurando todos os dias a aventura de ser capaz de ser um ser próprio e viver partilhando.
Amar os avós é partilhar histórias e conviver com respeito assim como amar os nossos pais é saber que também já tiveram a nossa idade.
O amor é tanta coisa mas a verdade é que nos une, se o mundo se construísse nesta base os sorrisos eram bem maiores.
Pudesse o mundo ser feito de amor. 

13
Jul16

# Completas-me 7 - com Daniela Marinho

Carolina Cruz

Vamos a mais um texto a duas mãos, especial, bonito que me fez procurar a criatividade ao máximo, como a Daniela faz em todos os seus textos e fotografias, ainda não conhecem? Então visitem "Um dia depois do ano passado" e leiam a nossa história.

 

"Ser gargalhada quando um só sorriso não basta. Ser coragem quando só a vontade não chega. Ser o ir quando o partir se aproxima. Ser o pedaço quando o inteiro é pouco. Ser o vazio porque o copo transborda. Ser a liberdade que nem o espaço permite. Ser o pouco que o "tampouco" não alcança. A espera que não desespera. O futuro que não se atormenta do passado. A casa que habita no miocárdio e aconchega cada ser que faz ter o tempo a seus pés."

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E eu tenho o mundo a teus pés.
Não posso mais, eu não aguento, não posso viver sem ti. Estou cansada de mentir, para mim, para ti, de omitir para os outros, de te querer, sabendo que quero e que me queres. E eu sei que quero um compromisso, que te quero para mim, assumi-lo com todos os detalhes, porque se nasceu amor não é vergonha, é certeza, acontece.
Sei que não queres essa vida que levas, que essa relação já não é para ti, que ela te magoa sob a sua perpétua indiferença e te transporta para o mais cruel dos submundos nesses ciúmes que te aprisiona.
Isso não é amor, e ela não sabe pertencer-te, acha que essas atitudes te fazem só dela, mas eu sei que te afastam e que esse amor morreu no teu coração, pois é a mim que ele pertence.
Por favor, avança, não fiques nesse impasse, mostra que tenho razão, mostra que queres ser meu. E peço-te, fica. Para sempre.

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