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Gesto, Olhar e Sorriso

Palavras que têm vida.

11
Fev19

[Ficção] À minha sorte

Carolina Cruz

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Chorei durante muitos anos. Chorei até as minhas lágrimas secarem, chorei até mesmo quando não sabia o que era chorar, porém aliviava.
Hoje posso dar voz à tua ausência perpetuada na minha vida, agora tenho maturidade suficiente para dizer-te que mãe que é mãe não abandona, mãe que é mãe não faz o que tu fizeste.
Abandonaste-me naquela esquina, à mercê do tempo e da sorte, tinha dois anos, como podia eu sobreviver? Consigo sentir o coração pequeno e pesado desse dia, achas que eu não sentia? Nem a um animal isso se faz... quanto mais a uma criança!
Fui ali posto à minha sorte, à minha valentia natural, porque nada sabia fazer a não ser ficar ali. É preciso ter muita falta de amor ou muita fé para acreditar que um bebé ali no chão pudesse ter um futuro melhor do que com a própria mãe. 
Não sei se foi algum Deus que cuidou de mim, o certo é que conheci um anjo, uma verdadeira mãe, porque «mãe é quem cuida». Apareceu quando partiste, surgiu na minha vida e fez com que nunca desistisse dos meus sonhos e educou-me tão bem, sou tão feliz, que conhecer-te não é de todo um sonho para mim. 
Podes acreditar que escrevo para me libertar apenas, não guardo rancor, pois não me dizes nada. Simplesmente me puseste no mundo. Na verdade, foi ela quem me deu vida, porque vida é uma sucessão de etapas (onde tu nunca estiveste presente) e não apenas um nascimento.
Podes ter todas as razões do mundo, da mais verdadeiras às mais cruéis, mas a minha paz interior permite-me dizer-te que não quero saber, que esqueço tudo isso. 
Vivo em paz hoje, hoje já não dói, apenas sinto aquela dor no peito do miúdo da rua, nada mais.
Aprendi que sou filho de quem me dá amor.
Talvez um dia os nossos caminhos se cruzem, talvez até já nos tenhamos cruzado na rua.
É exatamente isso, somos meros desconhecidos, cada um na sua vida, abandonados desse amor que nunca existiu, bem longe, um do outro.

06
Dez18

[Ficção] Demora-te

Carolina Cruz

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Basta! Não consigo ser mais hipócrita, vivendo uma vida de mentira. Se consegues, palmas para ti, eu abandono aqui o meu caminho. Estou cansada de sorrisos falsos, de permanecer quieta ou de procurar atenção onde ela teima em não existir…
Nunca fui de insistir onde não houvesse realidade, onde não existisse cumplicidade, onde tudo fosse um dever - dever amar, dever existir sem viver, sem sentir realmente. 
Não, para mim basta, não quero este amor se não puder dele beber felicidade, se não puder ele ser o melhor de mim, aquilo que me faz levantar todos os dias e que me inquieta. 
Se tu consegues, fica. Desejo-te o melhor, mas abandono-te, não sou obrigada a ficar onde não quero, onde tu estás sem estar, de onde eu parto, sem pena de não ficar.
Ama-te, isso é o mais importante e por ser tão essencial digo adeus à paixão que já não vivemos, para sentir esse amor-próprio, para amar-me como sempre devia ter feito. 
Vou embora, que a vida corre, há tanto para viver, para sentir, sem me prender à tristeza e ao “que tem que ser”. 
Não tem de ser se já não houver magia. Não tem de ser se for por obrigação, farta de obrigações estou eu!
Faz o mesmo, procura-te onde és feliz, encontra-te e demora-te onde o teu coração deseja ficar.
 
02
Dez18

Não conheces a minha dor

Carolina Cruz

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Não conheces o meu estado emocional para poderes criticar-me. 
Eu fecho-me em copas, eu ouço música para não chorar, coloco um sorriso porque, apesar de tudo, é mais fácil assim fazer frente a tudo…
Por isso, não te atrevas a levantar o dedo para julgar-me, não sabes, tu não sabes nada, não sabes quanto dói, a vida não é a tua, dói menos ou não dói simplesmente, não é?
Cala-te, respeita os que estão à tua volta, respeita-me, respeita-te a ti, porque se respeitasses vivias a tua vida… Somente a tua vida e não as que não te dizem respeito, mas eu vou contar-te:
Eu danço à chuva para que a alma liberte todas as lágrimas que tenho para chorar, eu sorrio para treinar os meus músculos, a minha mente, para saber que é assim a melhor forma de viver a vida, tenho paz no meu coração porque a vida ensinou-me que ter pressa não me leva a lado nenhum, que prefiro ignorar e calar-me do que chatear-me e ofender alguém.´
Se cada pessoa do mundo estivesse a viver a sua vida, o mundo seria mais bonito, tenho a certeza que se compreenderia melhor os outros, não havia tantas guerras, abraçariam mais, creio que todos nós seriamos mais felizes connosco mesmos.
Por isso, não me julgues, se não aprendes-te a amar-me ou a gostar de mim, pelo menos respeita-me, não conheces a minha dor, nem a minha vida!
 
 
 
 
17
Set18

[Ficção] Sou filha do mundo!

Carolina Cruz

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Não me abandones, não me prometas mundos e fundos se não me puderes dar aquilo que tanto sonho. Aprendi a gostar de ti, a amar-te talvez um pouco, mas só irei ter a certeza de que é isso que chamam de amor quando não me rejeitares. A minha vida foi feita de perdas e de desilusões, três famílias não me quiseram e eu voltei sempre à estaca zero, a ser de novo recém nascida, querendo os braços de uma mãe, o problema é que não sou mais miúda, tenho doze anos e sei o que é a dor, conheço com sabedoria o facto de não poder agradar a todos, mas não preciso pois não?
Família mesmo que não seja de sangue, deverá entender que todos temos os nossos defeitos e é nos feitios que somos diferentes dos outros animais e somos ser humanos, que nos tornamos especiais ou não.
O facto de ter sido rejeitada toda a vida faz com que tenha medo do amor, não te vou tratar mal, mas até provar que me amas realmente vou ser, talvez, indiferente, mas não ligues, esta é a minha carapaça, não te quero abraçar sem ter a certeza de que é para sempre, sabes? Dói não ficar. Mas ama-me, e amar-me é entender tudo isto, entender que sou filha do mundo, mas posso ser a tua filha também.
 
 
 
02
Jun18

Lamento...

Carolina Cruz

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Trabalho todos os dias e lamento. 
Há dias em que, como qualquer trabalhador, sou preguiçosa, há dias em que escolher ser e fazer o meu serviço é díficil.
Há pessoas que dizem que sou má, que sou vingança, mensagem de Deus ou do diabo, há quem me tema e viva a vida toda a temer-me, a sonhar comigo, a ter pesadelos, há também quem me chame e me implore para que eu faça o meu serviço, que lhes leve a alma e lhes deixe o corpo sem vida. 
O meu nome é morte e eu sei que vivo ou morto, já ouviste falar de mim e, na pele ou na de quem amas, me conheces. 
Todos os dias são uma correria e eu sou só uma alma e trabalho tanto.
Lamento que não gostem de mim, que seja injusta, que exista, mas desculpem dizer-vos que sem mim a vida não teria qualquer sentido.
Hoje levo comigo mais de cem pessoas no mundo, pessoas importantes, que foram importantes no mundo de alguém, com histórias para contar, com saudades e lágrimas. 
Custa-me levar esta gente, mas dói também levar aquela criança que tinha tanto para viver, aquele inocente na guerra, o homem perdido de amores, que por amor se matou, quando ainda podia no futuro vivenciar outra grande paixão. Dói levar alguém que não deixa ninguém para se lembrar de si.
Ser a morte de que muitos falam não é fácil e eu lamento isso, faço chorar, por vezes desperto o ódio, a raiva e a vingança, mas desculpem é o meu ser e temam ou não, um dia irei conhecer-vos. Até lá, deixem-me dar-vos um conselho, pois eu nunca sei quando escolho chegar e enquanto eu não chegar, aproveitem! Vivam intensamente, sem me temerem. Vivam porque eu sou a morte e nunca soube, na verdade, viver inteiramente.

03
Mai18

[Ficção] Não mudas

Carolina Cruz

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Nunca fui a tua primeira opção, em nada. Porque seria agora? Para que é que teimo ainda em ligar e magoar-me a mim própria?
Não há em ti aquela vontade imensa, aquela partilha necessária em me teres contigo.
Há sempre outras prioridades, em amares mais as coisas que realmente achas que te dizem respeito e eu gostava tanto que demonstrasses mais o carinho que acho que ainda tens por mim.
Continuo a dizer-te a mesma coisa: que são as nossas ações que geram outras ações. Tu sabes disso, mas não mudas.
Continuas a implicar, de mansinho, sem as pessoas perceberem, para que, em tudo o que faças possas ficar por cima, mesmo que não demonstres, mesmo que para isso me tenhas de magoar, e de me inferiorizar.
Eu não sou ninguém a menos que tu, não sou. E não penses, contente, que acho isso por me desrespeitares. Não. Nada disso. Apenas me sinto triste por ainda te amar tanto e continuar a ver que, em ti, não há aquela exaltação de me teres por perto, de partilhares momentos comigo como eu teria todo o prazer em partilhar contigo. Não vejo o sorriso interessado como quando falas com os teus amigos, a forma estupenda e alegre como vibras quando assistes futebol e a tua equipa ganha.
Tu não vês que eu estou aqui. Sei que posso ter cometido alguns erros e sabes que nenhuma das minhas palavras entaladas ficaram por dizer, nunca disse aos outros de forma triste, o que nunca te apontei na cara. Eu estou de consciência limpa quando sempre demonstrei interesse em querer-te.
Eu estou de consciência tranquila sim, mas acredita que dói demais preferires estares de costas voltadas do que seres a minha equipa, o meu lugar terra-a-terra e o meu abraço. Dói demais sabes? E digo-te mais, não há nada material ou mensagens que possas escrever que compram o meu coração magoado. Eu só queria que olhássemos no mesmo sentido, que inventássemos histórias e construísses sorrisos comigo, verdadeiros, para podermos juntos ter memórias para contar.
Sem nada não se criam memórias, por isso vou em busca delas. Se eu não serei nunca a tua primeira opção, nem a segunda… então partirei e o meu coração mudará.

11
Abr18

[Completas-me] Com a Carolina Franco

Carolina Cruz

Bom dia, sorrisos! 
Pois é, há muito que não fazia esta rúbrica, que eu adoro tanto! Mas está de volta e espero com muitos mais convidados!
Hoje trago-vos um texto a duas mãos forte, daqueles que adoro escrever, que nos deixa inquietos e é tão bom!
Hoje é a simpática Carolina Franco que me acompanha, adorei a sua escrita e foi um prazer escrever com ela. Espero que vocês também gostem!

 

"— Despe-te.
O homem de bigode e cabelo grisalho ordenou, enquanto desapertava a gravata e bebericava o seu whisky. Tremia, como sempre. Há anos que o fazia, mas ao estar na frente de um homem que tinha idade para ser meu avô, continha-me. Tinha medo, todas as noites. Medo que fossem tão brutos a ponto de matarem-me. Não era a primeira vez que acordava num quarto de hospital, depois de dias em coma. Não era a primeira vez que injetavam-me heroína e quase morri de overdose.
— Vá, querida, aproxima-te.
Deixei cair o vestido curto vermelho, no pavimento flutuante que custava mais do que todos os meus serviços, numa semana e sentei-me no seu colo. Desprezava-o. Sentia um nojo imenso. Tresandava a álcool e sexo. Rasgou-me a lingerie e atirou-se juntamente comigo ao chão. Penetrou-me. Arrancou de mim toda a inexistente inocência. Gemia alto. Quando chegou ao clímax parou e retirou aquele pedaço insignificante do meu corpo. Atirou-me duas notas de 20 euros, fechou o zíper das suas calças finas e saiu."

 

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O que eu não faço para ter a minha vida de volta… quanto nojo e sémen há em mim. Ele vai voltar, como voltou tantas noites e eu vomito mal ele sai, queria poder vomitar todo o passado em mim, queria deitar fora todas a minha essência, as minhas entranhas, morrer para voltar a nascer de novo.
Vim para esta vida para ganhar algum, sou uma mulher nova, diziam que eu era bonita, outrora sim eu era, hoje não passo de um trapo que despeja o corpo para se dar a cada diabo que morre por uma boa fornicação e eu que só quero ganhar um vencimento para poder ter o meu filho de volta.
Eu sei que muitos condenam as voltas que a vida dá, a minha escolha, a forma de procurar o meu melhor, mas não fui eu que o escolhi, prometeram-me mundos e fundos, que me davam uma vida melhor noutro país a servir às mesas de gente rica e poderosa, a mesma gente que me lixa e me penetra.
Eu só quero o meu menino de volta, só quero o Guilherme nas minhas mãos e se ele já não me conhecer? Se ele já não me quiser na sua vida?
Tive-o com 16 anos, aos 18 retiraram-mo, arrancaram-mo do colo, mas nunca mo tirarão do coração, do ventre, de cada pedaço do meu corpo, é por ele que me sujeito à morte e se ele não me quiser, eu escolho ficar, escolho a dor, prefiro morrer.

 

 

13
Mar18

Escritor...

Carolina Cruz

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Um cálice de vinho do Porto, águas bravas, chuva lá fora, escuridão, noite. 
Qualquer escritor sabe que é nas bravuras da madrugada que a vida nos inquieta, que a solidão chega para abraçar o dia que nada mais é que a luz da escrita, das folhas, das palavras que se cospem para um qualquer papel de rascunho.
O que se escreve é o que corre nas veias, a amargura, o despeito, o fim de um amor, um coração desfeito, a perda e a ficção, tantas vezes baseadas nos próprios acontecimentos diários que nada têm a ver com o que se escreve.
Vive-se constantemente a inventar uma história que não é nossa, um amor que não é real, bem se dizia que um “poeta é sempre um fingidor”, finge o que sente e o que não sente, intrigando-se com o que sentem os outros, inspira porque expira tudo aquilo que crê que lhe vá na alma.
Dorme mal e quando dorme é para se inspirar, para sonhar, para analisar, para viver também nos sonhos que sonha e que quer tornar realidade. 
É difícil compreender um escritor, mas se por ti ele se apaixonar, acredita, na dor que lhe provocas, no amor que lhe tens, na vida e na morte serás eterno. 
Escritor de sentimentos, falácia de pensamentos, grandeza de coração, a inspiração surge, mesmo no ímpeto da escuridão.
 
06
Mar18

[Ficção] Dói demais.

Carolina Cruz

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Dói.
Dói demais conceber a ideia de que os teus braços abraçam outra pessoa.
Dói demais pensar que a proteges exatamente com a mesma dedicação ou até mesmo com um amor maior.
Eu sei, que não havia quase nada em nós que resultasse, porém da minha parte (pelo menos) ainda havia amor.
E é tão doloroso esse amor que sabes que não tem continuidade. É tão doloroso amar e saber que há um fim. E pior que haver esse fim, é saber que agora moras noutro lar, que outra mulher é o teu porto de abrigo, que eu nada mais sou além do (teu) passado.
Dói, dói demais.
Só queria fechar os olhos, voltar atrás no tempo, querer-te e ter-te do meu lado.
Posso apenas sonhar. 
Pois, nada em nós há-de voltar.

27
Fev18

[Ficção] Obrigada, apesar de tudo, por tudo.

Carolina Cruz

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Ouve, dei-te tudo. O meu coração, o meu amor, a minha casa, a minha estima, o meu carinho, cultivei-te e tratei de ti como o Principezinho tratava da sua rosa: com amizade.
Mas tu não quiseste ficar. Sozinha eu não podia fazer nada, pois a amizade, tal como o amor, tem de ser regado por dois, senão não existirá correspondência, cumplicidade.
Tu desististe, foste-te embora, deixaste que a minha admiração por ti morresse e nada disseste para que essa dor diminuísse.
Dizem que “a amizade é um amor que nunca morre”, será que as que se perdem foram amizades de passagem? Não foram nada disso?
Eras a minha melhor amiga… ou nunca chegámos a sê-lo?
O tempo nem sempre é o culpado, fui eu? Foste tu e não disseste?
Se fomos melhores amigas porque nunca disseste o que sentias? Por que me deixaste a remoer em algo que podia não ter culpa? Por que deixaste este amor infinito morrer?
Porque eu sou assim, às pessoas da minha vida, eu amo-as, protejo-as, quero-lhes bem, quero tê-las do meu lado, sempre.
Agora que esta ferida que cicatriza no meu peito, já não dói tanto, aprendi que amar, mesmo quando fere, é deixar partir alguém que não nos quer na sua vida e se respeitarmos isso, não porque essa pessoa mereça, mas pela nossa paz interior, estaremos em paz e apesar de tudo, somos gratos porque tal como disse o Principezinho “os que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Por isso, agora que a raiva passou, a poeira assentou, só quero que, de mim, leves o melhor, porque recordarei o que de melhor de nós ficou.
E porque sou grata à vida, agradeço-te: obrigada, apesar de tudo, por tudo.

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