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Gesto, Olhar e Sorriso

Palavras que têm vida.

28
Out16

Sorte ou azar? - parte 1

Carolina Cruz

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Joana era tímida, gostava de Tomás, mas era impossível para ela dizer-lhe, nunca tinha falado com ele. Para ela, Tomás era como um sonho irreal na vida dela, impossível de concretizar.
Joana não gostava muito de sair, mas Marta a sua melhor amiga conseguia sempre convencê-la a acompanhá-la às festas e convidá-la a dormir lá em casa.
Era noite de Halloween e Joana não estava lá muito convencida.
- Não sei, Marta. Detesto aquelas máscaras, há sempre gajos que as usam para fazer coisas más.
- Coisas más, ai Joana, só tu! Se fosses a pensar em tudo o que te pode acontecer de mal, nem respiravas! Até pode ser que conheças um rapaz e esqueças de vez essa ideia platónica que tens com o Tomás… vamos mas é ver o que vamos vestir!
Marta arranjou uma boa forma de Joana marcar a diferença, ela que era elegante e bonita e que estava sempre escondida por entre as roupas largas, parecia agora uma mulher diferente, alguém que deixaria os rapazes de queixo caído. Estava realmente incrível, nem ela se reconhecia.
- Estás uma gata amiga, devias vestir-te assim todos os dias.
Estavam vestidas de diabinhas bastante sexys, mas nada demasiado provocante, o bastante para deslumbrar!
A festa era na casa de campo de um colega de turma, era a “casa assombrada”, estava decorada a rigor, todos tinham de ir vestidos a rigor e preparados para uma noite de terror divertida.
Não se sabia quem iria, pois o Daniel, o dono da casa tinha convidado quase o secundário todo.
Embora não quisesse Joana estava sempre a pensar se Tomás também iria e se ela conseguiria falar com ele. Com tanta rapariga bonita por lá, ele mal olharia para ela, como sempre.
A verdade é que ele nunca tinha reparado nela, ela andava no 10ano enquanto ele era mais velho, do 12ano, mas quando ela entrou pela porta, deixando todos de queixo caído, dizendo “não pode ser, não pode, não é ela”. Ele ficou derretido. Já tinha ouvido uns zuns zuns que uma miúda do 10ano estava apaixonada por ele, mas não sabia nem fazia ideia de quem é que se tratava, nunca tinha reparado nela até então.
Na festa, havia jogos de orientação, o jogo da garrafa, verdade ou consequência, caça ao tesouro, tudo com o tema “Halloween e o terror”. Cada divisão da casa estava decorado com uma pista ou uma armadilha para assustar quem lá entrava.
As inscrições estavam feitas, quem será que jogaria contra elas na caça ao tesouro? Um gato preto passou de relance pela casa, com elas iriam jogar dois rapazes mascarados, que não queriam dar a cara. Joana temia, mas Marta queria que a amiga fizesse novos amigos e que curtisse a vida.
Marta piscou o olho a Joana, preparando para surpreende-la. Mal podia ela imaginar do que se tratava. Marta tinha ajudado na criação do jogo por isso conhecia algumas das pistas mas não podia revelá-lo à amiga, no entanto levou-a por uma encruzilhada e dizia as pistas para que os parceiros da equipa inimiga pudessem ouvir.

 

“Um emaranhado de lençóis com vida, enterrou sobre a terra as mais belas pessoas que faziam amor naquela cama, naquela noite a morte separou-os, ele foi para o inferno, ela para o céu.”

 

Dizia a primeira pista.
- Eish quarto dos pais do Daniel. – Disse o rapaz mascarado.
- Vais lá enquanto eu pego na segunda pista. Temos de ser eficientes. Encontramo-nos aqui em baixo, no ponto de começo.
- Certo.

Marta apercebeu-se do rapaz a deslocar-se para o quarto e empurra a amiga.
- Vai atrás dele, não podemos deixar que ele fique com a pista.
- Sozinha?
- Sim, sozinha, tens lá tempo para comprar um cão… - Disse a amiga soltando uma gargalhada.
– Corre.

Joana seguiu o conselho da amiga e correu até à pista, e quando lá chegou ao mesmo tempo que o rapaz, a porta fecha-se, e o escuro apodera-se do quarto. Joana treme de medo, a porta não abre, não conhece o rapaz da máscara.
Começou a entrar em pânico.

 

(Continua...) 

 

27
Abr16

Cada toque seu (parte I)

Carolina Cruz

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Eu amava-o, sempre soube. No entanto, odiava-o completamente, aquele jeito rude e convencido quebrava-me por completo.
Eu não sabia estar na sua presença, não me reconhecia e por isso odiava-me a mim própria também. Não me continha, o coração palpitava, os nervos sempre surgiam à flor da pele.
Porque é que ele era tão irritante quanto encantador? Ele sabia ao certo como mexer comigo.
Naquele dia, o ar animado em casa de uma amiga parecia sufocar-me sempre que ele decidia puxar dois dedos de de conversa com qualquer outra rapariga que não eu.
Levantei-me e fui pensar para longe - no consolo de um quarto rosa de padrão floral - estava seriamente irritada comigo mesma.
Fechei os olhos e respirei fundo quando senti uma porta a bater silenciosamente...

(Continua...)

20
Abr16

Reencontrei o passado

Carolina Cruz

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Uma festa, vários amigos, uns tantos conhecidos e outros que nunca vira na vida.
Por entre a multidão havia uma cara que não era de todo desconhecida. Um rosto doce e um sorriso falador e simpático que quando me viu sozinha conversara comigo.
Falámos sobre tanta coisa e não falámos de nós, quem eramos, de onde vínhamos e no entanto houve um sabor estranho em toda aquela forma de conversa, eu gostava, adorava como nos velhos tempos, quem seria este sujeito que me traria ao meu futuro tropeçado no meu passado? Eu não o reconhecia, ele não me reconhecia e eis que soltou uma gargalhada e o meu coração estremeceu como se todo ele tocasse e se queimasse na ferida que não tinha sarado.
- Pedro.
- Como sabes o meu nome?
Nada disse, fugi, o tempo tinha passado por nós, estávamos diferentes por completo, mas talvez não em tudo, se não jamais reconheceria o homem que amaçara o meu coração, o homem que tão rapidamente me cativara e me rejeitara, aquele que me dissera que era a mulher mais certa na sua vida e no segundo seguinte nada fui com toda a certeza.
Reparei que ele corria atrás de mim, como um vulto que não queria que me encontrasse de novo, mas ele embora não me tivesse reconhecido, ainda conhecia as minhas entranhas e todos os esconderijos que me abrandavam.
Eu já o tinha esquecido - pensava, porque é que o coração teimava em me acordar e me fazer recordar tudo o que ainda estava guardado em mim? Ele não pode voltar assim e fazer com que me apaixone como se da primeira vez se tratasse, não agora, não já, não enquanto não sararem as feridas, enquanto eu ainda me lembrar de tudo o que fez.
Chorei, caí sobre o muro da varanda e deixei que as lágrimas me tomassem e ainda assim ao ver-me chorar ele não me reconhecera, só no fim de me fazer olhá-lo nos olhos é que reconhecera o brilho dos meus, exatamente iguais no momento em que ele partira.
- Raquel?
Baixei de novo os olhos.
- Como não te reconheci? – Sorriu. Eu não retribui o sorriso, ainda me custava sorrir, ele não me reconhecera, como pude ainda dar uma oportunidade de falar?
- O tempo passou por nós, já não somos os mesmos. Como é que deixámos que acontecesse?
Ele não percebera a minha pergunta.
Sim, como deixámos que tudo recomeçasse. Eu não pretendo amá-lo de novo, não como antes.
- Quanto esperei por este momento. – Disse-me.
- Porquê?
Tinha passado tanto tempo… Se esperava porque não procurava?
- Como não reconheceste o meu coração destroçado?
- Porque o teu sorriso continua lindo e eu apaixonei-me, mesmo sem te reconhecer, no primeiro momento em que entraste pela porta… Como pude…?
Apetecia-me beijá-lo, mas não podia ter essa intenção, sairia magoada como todas as outras vezes em que ele me despertara amor.
- Depois tudo, depois de todas as mulheres em que tropecei, eu sempre me lembrei de ti. Dou graças a Deus por este pequeno presente do agora.
- Não podes dizer isso… outra vez, da mesma forma.
- Eu recordo-me de todo o mal que te fiz e toda a vez que me perguntei ao longo destes anos se tivesse uma máquina do tempo o que faria… eu voltava para me redimir e poder amar-te todos os dias.
Eu chorava, nada mais conseguia fazer se não isso.
- Eu não te fui indiferente, eu estou diferente, deixa-me dar-te a oportunidade de reconsiderares, de poder te abraçar, só te peço isso. – Disse-me.
E abracei-o como se abraça o mundo, a minha alma despedaçada compôs-se e só me apetecia morar de novo naquele abraço.
Será que o amor é mesmo isto, mesmo receando tudo voltamos a quem nos fez felizes mas que não nos amou por inteiro, considerando que tudo merece uma segunda oportunidade simplesmente em busca da felicidade? Receio que sim.

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