12 # Existirá destino sem os sonhos?
Sim, ligou-lhe. Talvez errasse, talvez cometesse o maior erro da vida dela, mas tinha de tirar todas as dúvidas do que sentia e colocar um ponto final se necessário.
Segunda de manhã, levantou-se decidida. Como John estava a dormir no quarto de Filipe, saiu sem dar satisfações, pronta para pôr fim àquela que era uma complicação na sua vida – uma paixão sem término. Pensamentos infindáveis que tinham de terminar, a bem ou a mal.
Às 9h na pastelaria, era o combinado, mas ele não estava. Passou uma hora, duas. Sara passou-se, adiantou-se, precipitou-se e tanto! Bateu-lhe à porta do escritório, quando não foi o seu espanto, ele estava lá dentro.
- Sara. – disse ele com um sorriso.
- Esqueceste-te que te liguei? Do que combinámos?
- Não. Sabia que me irias encontrar aqui.
Ele lembrava-se de tudo, apenas queria reconhecer que Sara não tinha mudado nada, sempre falara do seu mau humor matinal (mas naquele dia tinha razões para isso) e da sua repugnância com atrasos. Queria poder atiçar-lhe a velha e jovem Sara dos seus catorze anos, prudente mas rabugenta, tão dona do seu nariz.
- Fizeste de propósito? Não acredito.
- Claro. – disse ele, voltando a fazer aquele sorriso irritante mas tão apaixonante como outrora. – Entra. – disse, fechando-lhe a porta atrás de si.
Sara não estava a gostar da sua atitude, Manuel parecia estar mudado e convencido. No entanto, estava mais sedutor do que nunca e ela parecia render-se por completo, como se do passado se tratasse.
- Não é numa pastelaria que se resolve o que há tanto tempo andamos para resolver.
- Tens razão.
E ao dizer isto, Sara senta-se na cadeira à frente da sua secretária e olhando para trás vê Manuel a trancar a porta do gabinete.
(Continua...)