Hoje abri as gavetas da casa encantada da Andreia e consegui (estou muito contente por isso!) que ela partilhasse connosco as suas palavras (mais uma vez fantásticas!), vamos lá lê-las:
«Quando entrei desesperada pelo quarto do hospital, guiada pelo barulho das máquinas, senti um baque forte no peito, como se me estivessem a arrancar o coração a frio. Senti o meu corpo a gelar, as pernas a ceder de nervos e as lágrimas a inundarem-me o rosto. O teu coração parara de bater, de vez, apesar de tantas vezes ter pedido para que não o permitisses, e a linha presente na máquina que se encontrava ao pé da tua cama era contínua e fazia um barulho insuportável, que me arrancava mais um pedaço de mim.
Morri por dentro como tu acabaras de morrer, mas a grande diferença é que eu ainda estava de pé e saudável, só precisava de recuperar do choque, já tu acabavas de partir para um lugar de onde não sei morada para te escrever, de onde não terei noticias tuas e onde não te poderei ir visitar, pelo menos por agora. Só me resta esperar que te transformes numa pequena e brilhante estrela, que te posiciones no céu em frente à minha casa e que olhes por mim, pois eu cuidarei de ti da única forma que ainda consigo: amando-te para sempre!
No último ano, a minha vida foi uma autêntica correria…»
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Tornei-me na mulher que eu sei que terás todo o orgulho. Fui atrás de todos os sonhos que ficaram pendurados desde que adoeceste. Escrevi sobre ti, falei sobre nós. Dei cor às palavras dos teus momentos mais cinzentos, dei sorrisos à tua dor e uma mensagem especial dando outro sentido a tudo o que acontecera contigo.
Dei a volta ao mundo, para dar esperança a todas as crianças que também perderam a coragem de viver, tu foste forte até ao fim do teu fim, até a cada segundo dessa tua breve vida.
Quero que o meu filho viva no coração de cada mãe que ajudo, de cada jovem que dou esperança. Eu posso não te ter aqui, mas trago-te sempre no meu regaço, onde escrevo o teu amor no meu peito. Sempre foste meu, sempre serás. Não morreste, morremos, mas ainda sobrevivo, com esta força que arranjei para respirar.
Se pudesse morreria contigo, em vez de ti, mas hoje sei que não é possível fazê-lo, que Deus quis tornar-te num anjo e eu o teu mensageiro.
Amo-te, na doçura de um abraço eterno, meu amor maior.