[Ficção] O resto dos meus dias
O meu corpo pede, a minha alma implora, e tu não estás. Adormeço sobre o teu ventre imaginário já que aqui, onde pouso a cabeça, não resta nada de ti a não ser a tua memória e a minha dor por teres partido.
Ninguém compreende esta saudade que me invade desde que me morreste há mais de vinte anos.
A verdade é que desde partiste, um vazio nasceu, nunca mais soube viver, apenas existir. Tento olhar para trás, perceber que vivia antes de te conhecer, mas não consigo, foste tu que deste cor à minha vida.
Nunca quis mais ninguém, meu amor. A imagem da minha lembrança de ti, faz-me abraçar-te todos os dias.
Pareço louco, mas ao beijar outro corpo eu sinto que não te sou leal, que traio a mulher da minha vida.
Dissemos no ato do nosso matrimónio "até que a morte nos separe", mas eu sei, melhor que ninguém, que nem a morte pode separar um grande e verdadeiro amor como o nosso.
Por isso, sento-me aqui, a contar os minutos à espera, sim, esperarei o resto dos meus dias para te abraçar.