Que escrita esta! Que pensamentos íntegros e de uma tamanha inteligência! Chegou-me a faltar o ar de tão bom! Uma poetisa contemporânea com muita garra nas palavras, que nos faz querer ler e chorar por mais! Com poemas e sentidos que me deixaram a pensar "que jogo maravilhoso de palavras"! Este livro é uma compilação de vários poemas de Filipa Leal e aconselho vivamente aos fãs de poesia e a todos em geral!
“Enquanto o tempo quiser” é o primeiro livro da autora de Sara Macedo Afonso. É um livro de poesia, com os primeiros poemas escritos pela Sara. Esta leitura trouxe-me grandes sorrisos e fez-me recordar quando também eu escrevia poesia. A autora aborda vários temas, muito pertinentes e muito interessantes! Há juventude nas suas palavras, nota-se que é o princípio do seu trabalho, porém não é por essa razão que é menos importante ou menos intenso, muito pelo contrário, a poesia da Sara agarra-nos, faz-nos querer ler mais e mais, pois vivemos com a mesma intensidade que ela escreve, com força, com coragem, com a libertador de abraçar esta arte tão bonita das palavras. Para quem gosta de poesia aconselho vivamente!
Sinto que já não sei escrever, tropeço apenas na melancolia de necessitar de o fazer. Sou um velho que esconde a sabedoria num copo de água ardente, já não sou fiel à minha dor. Ai, quanto prefiro morrer! As palavras vêm em catadupa, atropelam os meus sentidos quando já não encontro antídotos ou soluções, mas continuo a ser feito de sentimentos e amor à flor da pele. Embora já sem vida e sem cura para este homem louco, sou como dizia o poeta: nada, de coisa nenhuma! Para quê ficar se já não me lêem? Para quê manter os sonhos se sou um velho decadente? Já vivi tudo o que havia para viver, resta-me o tempo que não volta e a solidão.
"Butterfly dreams" é um filme baseado numa história verídica e é dedicado a todos os poetas esquecidos. Este filme conta a história de dois jovens que, na segunda guerra mundial, são obrigados a trabalhar nas minas. Tudo parece demasiado pesado, o trabalho ardúo, as doenças, mas é o amor que torna mais leve a vida malvada destes dois amigos. Ao apaixonarem-se pela mesma rapariga competem entre si qual lhe escreve o melhor poema, por qual é que ela se apaixona primeiro através da poesia. Uma história arrebatadora, crua, dolorosa, poética misturada com sorrisos, gargalhadas e uma dose elegante de amor e amizade. Um hino e uma homenagem a todos aqueles que lutaram para serem poetas numa época em que a educação era apenas para ricos e a alfabetização era escassa. Um filme pouco falado (como os que eu gosto de ver e de vos apresentar) que nos arrebate. Está disponível no Netflix Portugal e acho que não deviam perder!
Já não é novidade que sou fã da inteligência, da genialidade e competência musical de Salvador Sobral, uma pessoa com uma qualidade tamanha à qual Portugal não estava habituado, e o mais incrível é que não caminha sozinho nesta arte, traz sempre consigo (acompanham-se mutuamente) outro génio musical: o Júlio Resende, da qual também me tornei fã. Alexander Search, é o seu projeto mais recente e ainda não tinha falado dele convosco. É um projeto musical que a mim, amante de música e da literatura, me enche as medidas. E porquê? Tudo começou com a leitura de um livro de poesia inglesa do poeta Fernando Pessoa. O leitor e criador desta banda é Júlio Resende. A banda tem uma característica muito própria, cada membro tem um nome que é um heterónimo do poeta. Enquanto Resende é "Alexander Search" (um pescador de Province Town), Salvador Sobral veste a pele de Benjamin Cymbra, uma personagem que é totalmente o contrário da sua personalidade, o que se torna um desafio maravilhoso, como diz o próprio. Os outros membros da banda também foram dados heterónimos e sua caracterização: Sgt. William Byng (André Nascimento), Mr. Tagus (Joel Silva) e Marvell K. (Daniel Neto). O disco foi lançado em maio deste ano e a estreia ao vivo foi no SuperBock Super Rock, a 13 de julho. É assim que eles se definem:
«Alexander Search é uma banda de língua inglesa que cresceu na África do Sul, mas que está radicada na Europa, mais concretamente Portugal, "paraíso à beira mar plantado" como dizia o seu maior poeta, Fernando Pessoa. A sua música mistura influências da indie-pop, música electrónica e rock. As letras foram escritas maioritariamente por Alexander Search, membro da banda que morreu tragicamente ainda jovem, mas que granjeia o respeito e admiração dos seus pares como "the greatest conquerer of the beauty of words", o maior conquistador da beleza das palavras. Augustus Search é o compositor de serviço da banda, toca piano e sintetizadores e faz a direcção musical. Benjamin Cymbra é um cantor extraordinário e traz na sua voz a garra rock n'roll do passado e as angústias e esperanças do presente. O futuro "é a possibilidade de tudo", dizia também Pessoa. Sgt. William Byng comanda a vertente computacional e electrónica. Marvel K. tem uma guitarrada cortante e espacial. E Mr. Tagus, ex-baterista de jazz, ainda tem na música e 'groove' de África uma das suas maiores riquezas. Alexander Search é uma banda que gosta de ousar, impaciente, à procura, sempre à procura, da quintessência. Nunca o conseguiu. Este é o disco de mais uma tentativa falhada.»
Fico grata ao Júlio, sobretudo, e aos que caminham com ele, por conseguir criar cultura musical e única como esta e nos dar o prazer de poder ouvi-la e fazer parte dela.
Temperamento à margem, Falta dele, falta de mim. Falta também a coragem, coragem de embarcar no sonho, por fim. Por isso, escrevo poesia, E deixo no covil da noite, o calor do meu dia.
As lágrimas correm, o escuro regressa. Será que são os meus sonhos que morrem... Por culpa da minha pressa?
Nada sou, nada tenho. O meu amor levou-os para longe. Agora só faço o que faz o monge, esqueço o engenho, e sobrevivo do hábito.
Há uma parte de mim que sou eu… Há uma parte de mim que é tua… Há uma parte de mim que não sabe que existo Enquanto não me canso de sofrer. Há uma parte de mim que não se cansa de viver E que tanto quer acreditar Quer saltar e ver mais além. Há uma parte de mim que não vive sem ti, Não vive, vive só, não é ninguém. É essa parte de mim que contradiz o suor O suor da minha voz. Há uma parte de mim que se junta ao outro lado, O lado da emoção, Essa parte que é nossa, Há uma parte de mim que se chama coração.
Estranhamente sinto-me a voltar ao passado, mas é só pura imaginação. Sinto a minha cabeça pesar e os meus braços a cansarem-se. Sinto o meu coração bater suavemente à volta de uma recordação. Elevei-me até ao céu ao som de um refrão, num profundo silêncio. A alma encobre-me o estado lunático da tua harmonia cintilante. O silêncio, o silêncio da tua voz é apaixonante. Fechei os olhos e desesperei A ver o tempo a passar…. Numa neblina transparente… E eu sou aquela que ousou sonhar. Para onde vais? Estás diferente… Estás aqui… Sou mais forte que o mundo, mas penso em ti. Hoje em que tudo era nada, o nada passou a tudo. As palavras faltam-me, e as lágrimas escorrem-me em serenidade. Não quis ouvir a verdade, Nunca quis. Olha-me e diz: Mas que culpa tenho eu? Se o inferno pousou em mim? Soluço e vês que hoje ainda tenho o mundo a teus pés. E sempre será assim.