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Gesto, Olhar e Sorriso

Palavras que têm vida.

18
Fev18

Um fado que não tem nome

Carolina Cruz

Aygun in we heart it.jpg

 

Há um amor que nos rouba o peito, o presente e a terra. 
Rouba-nos o peito ferozmente, como se o batimento fugisse para outro coração, que nos guia para um futuro onde queremos estar no corpo nu de quem nos despe a alma e é nessa altura em que sonhamos com um futuro, mesmo que perto, que deixamos de sentir os pés, fugimos da prisão dos pensamentos negativos e permitimo-nos ter esperança.
O amor é isso, um fado que não tem nome, uma flor que brota e que murcha, que nos inflama e nos gela, nos faz saber definir a saudade e querer matá-la, matando todas as entranhas dessa paixão que devoramos até ao tutano, e ainda assim… Ai! Ainda assim, querer viver! Viver intensamente tudo aquilo que de bonito o amor tem. 
As lágrimas desaparecem, dão lugar aos sorrisos, o colorido da vida traz esperança e essa saudade que se canta pelo nosso povo é trocada pelos abraços ternos e prazerosos, na alma e no quarto. 
O amor que se vive, também dói, mas é isso que há de feliz nessa necessidade de sentir, é poderoso, intenso e faz girar o mundo, compra tudo o que não imploraríamos ao dinheiro e é o melhor lar onde nos podemos abrigar. 
Por isso, amamos, mesmo que não nos amem de volta, amamos quando é recíproco, quando já deixou de ser, quando acreditamos que no lado escuro podemos ver as estrelas. O amor é bom, o amor é leve, é prazeroso, doloroso, masoquista, mas é tão bom, é tão bom sonhar, porque afinal de contas, o melhor lugar do mundo é num abraço, na alma e no coração de quem amamos, de olhos abertos ou a dormir.

 

 

Foto by Aygun in we heart it

05
Jan18

Hoje e sempre

Carolina Cruz

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Ela sorri com o olhar.
Tem vida nos seus lábios.
Canta com o corpo e vibra no meu.
Ela é paixão ardente e calmaria.
É o meu porto de abrigo, minha alquimia.
Ela é bonita quando acorda, mesmo com aquele mau feitio.
Ela é sexy, sem qualquer maquilhagem, sem roupa, 
Em casa, no escritório, na cama.
Ela é o amor no corpo e na alma de mulher.
É a mulher que amo.
E como eu a amo tanto. Não sei definir. Não tenho palavras.
O que sinto revê-se no meu olhar quando a vejo, quando a abraço, quando a embalo em mim.
Olho para ela e só sei sentir-me o homem mais sortudo do mundo por confiar no seu coração e no extraordinário ser que é e por tornar-me em alguém melhor.
Com ela aprendi a viver o momento, mas fazendo planos para o futuro.
Olho-me ao espelho e recordo o futuro que ainda não chegou. 
As suas mãos frias na minha cara carregada de rugas e de saudade e dizer-lhe:

"Aqueço-te as mãos meu amor, pois o teu coração quente foi o que fez o meu bater estes longos anos..."

Partir por fim, com o seu ohar atento. 
Não quero perdê-la, dói tanto pensar nisso, em perdê-la. 
Quero ir primeiro, para não sofrer.
Sei que noutra vida nos encontraremos, pois estaremos ligados nesta linha entrelaçada que é olharmo-nos com amor. Isso será infinito, em qualquer lugar. 
Hoje e sempre, eu sei que é ela quem eu vou sempre amar.

12
Set17

[Ficção] Porquê agora?

Carolina Cruz

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Tenho 30 anos. 
Nunca antes vivi um amor platónico.
Porquê agora? Depois de ultrapassar todas as mágoas de relações amorosas…
Talvez por isso eu sinta que seja amor platónico, pois falta-me aquele que é o mais precioso, o amor que sinto por mim mesma. 
As relações falhadas levaram-mo todo. Uma e outra vez, sem restar nada de mim.
Por isso acho que apaixonar-me pelos teus olhos azuis é inútil, que tocar as tuas mãos como simples cumprimento e fervilhar o coração dentro de mim é ridículo.
O que resta de mim depois de tudo o que me levaram? Se eu não me amar, não posso amar outro alguém, mesmo que seja correspondida. 
Ainda assim não é o que sinto que sintas por mim, o mesmo amor, a mesma obsessão inocente, a mesma paixão.
Estarei a confundir certamente tudo o que há dentro de mim, preciso de me sentar e conversar comigo mesma, situar-me e sentir-me, só depois com certeza poderei conversar contigo, se quiseres dar-me um pouco de atenção. 
Estou cansada de sofrer, por isso se um dia vieres, vem para ficar e faz-me sentir completa, ama-me e faz com que eu me apaixone de novo pela pessoa que sou. 
Isso é o mais importante. O amor-próprio. 
Depois amar-te-ei completamente, do fundo do meu coração.

31
Ago17

Olho-te enquanto dormes...

Carolina Cruz

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Dizem que dormir ao lado de alguém demonstra confiança, conforto, carinho. O que temos vai muito além disso. 
Olho-te enquanto dormes e os meus sonhos tornam-se realidade.
Olho para ti e orgulho-me de pertencer à tua vida, à tua felicidade. 
Olho para ti, na tua simplicidade e no teu sono profundo e a minha alma sonha também, um sonho pintado de esperança no futuro. 
Obsorves-me nessa tua paz e então percebo, como percebi todas essas vezes em que te olho nos olhos: é para sempre. E contigo o para sempre é tão fácil de dizer, de sentir. 
Olho-te e percebo o que é o amor infinito, aquele que é para toda a vida. Eu vejo em ti o meu melhor amigo, o meu namorado, o meu marido, o pai dos meus filhos, o avô dos meus netos, o meu amparo, o meu ombro amigo, o meu velho confidente, o meu amor para a vida toda. 
Tu acordas, olhas-me e sorris e eu sei que os meus sonhos tornam-se realidade.

 

 

05
Ago17

[Ficção] Resposta de Susan

Carolina Cruz

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Leonardo,
Passei todos os meus verões à espera que voltasses.
Permaneci todos os primeiros dias de julho de cada ano à tua espera na estação.
À espera que o tempo nos trouxesse o que era nosso por direito.
Mas os anos foram passando, eu fui amadurecendo, criei a minha vida, experienciei vários empregos, casei, tive filhos.
Dois filhos maravilhosos. Vejo neles a nossa juventude, o amor pela vida, o sorriso nos lábios e o brilho nos seus olhos.
Nunca me esqueci de ti, nem do que vivemos, ou do que podíamos ter vivido.
Tal como esperei por ti todos aqueles anos, esperei por estas palavras.
Porém, lamento dizer-te, mas sim, é tarde demais para vivermos de novo este amor.
O meu marido morreu este ano. Lamento tanto a sua partida, o amor que ele tinha por mim, o meu amor por ele que ficou incompleto, a cumplicidade e a amizade que tínhamos.
É verdade que nunca me esqueci do que vivemos, mas ele fez de mim a mulher mais feliz na tua ausência. Não quero que, na sua ausência, tu sejas a minha felicidade. Peço que respeites.
Ainda assim, ainda que o tempo não volte atrás e nenhum de nós seja o mesmo daquele verão, gostava de te olhar nos olhos, reconhecer o teu rosto.
O que vivemos foi um amor infinito, também podemos chamar isso de amizade, certo?
Espero uma resposta e um sorriso de acordo.

 

Susan.

07
Jul17

[O teu olhar] Fotografar é...

Carolina Cruz

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“Fotografar” é um verbo tão idêntico ao de “viver”. É não é? Saborear as pequenas coisas, ver o mundo com os nossos olhos, dar ao mundo a perspetiva daquilo com que sonhamos.
Fotografar é exatamente isso, olhar o mundo, ver a beleza nos pequenos prazeres, numa simples flor, numa casa ornamentada tão diferente do que estamos habituados. Fotografar é como viver: explorar, sentir, absorver… E mais! Muito mais…
Fotografar é retirar de nós memórias, de um passado que foi nosso, de uma realidade inquieta que já não nos pertence… Quando fotografamos vemos o mundo com amor, com interior, com delicadeza na alma, uma fotografia é uma identidade, de nós, dos outros, de quem somos, do que nos rodeia.
Viver e fotografar só podem ser verbos infinitamente e intimamente ligados. Assim como o mundo e os nossos olhos, são realidades pura e simplesmente em concordância com o universo.
As memórias e quem somos, o passado e o presente representados numa simples imagem que nos marca para a vida toda.

 

 

 

Fotografia da autoria da Alexandra Duque, uma talentosa blog, que além de tirar fotografias fantásticas, é simpática e muito querida, ainda não conhecem o seu blog Al-duque? É espetacular, visitem! :)

18
Mai17

Beija-me

Carolina Cruz

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Beija-me.
Hoje, amanhã, todos os dias.
Beija-me de olhos fechados.
Beija-me olhando-me nos olhos e soltando uma gargalhada bem sonora, que mostra o quanto és feliz comigo.
Beija-me como se o mundo fosse desabar e os teus lábios não pudessem nunca mais tocar os meus.
É a ti que me rendo todos os dias.
O nosso beijo conta a nossa história. O passado, o presente e até desejos futuros.
Um beijo nosso é a cumplicidade dos nossos olhos ao encontro do amor.
Vem cá, dá-me só mais um!
Um? Hm, talvez não, talvez mais, talvez pudessemos permanecer aqui.

 

 

18
Abr17

18 # Existirá destino sem os sonhos?

Carolina Cruz

“Pois merecemos. E termos um final feliz é aceitar que não temos mais nada a ver um com outro a não ser nas memórias. Iludi-me sim, sonhei muito alto, perdi-me no teu corpo, soube-me bem, senti prazer. No entanto, tenho maior prazer ainda em dizer que me desiludiste, o tempo muda as pessoas. Já não és o meu Manel do passado. Perdoo-te sim, ao fechar os olhos e lembrar que o que passou não passou de uma história terminada. Se eu tinha dúvidas hoje não as tenho mais. Tu adoras a sensação de me teres a teus pés, não a minha pessoa propriamente. Não nego nem duvido que me tenhas amado, mas mudaste. E não é a tua pessoa que eu quero na minha vida. Poderei cumprimentar-te, tomar café quando regressar a Portugal, somente isso. Amizade, nada mais. Perdoo-te sim e agradeço-te por teres-me ajudado a virar a página.
Sê feliz, beijinhos”

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Bloqueou o telemóvel e dirigiu-se à cozinha. John que se encontrava a escorrer a massa, recebeu um abraço. Sara abraçou-lhe as costas. Ele virou-se num repente delicioso.
- Vou dar o meu melhor. Virei a página. Agora, serás a única pessoa que eu hei-de querer ler. Vou fazer por merecer o teu amor. Por inteiro. Sei que dói, mas vamos fazer por isso?
John sorriu, olhou-a e só conseguiu beijá-la.
- I love you. – disse ele.
- Me too.
Sara voltou a Londres, aos recitais de Shakespeare, à enfermagem e nos braços de John manteve o seu sonho. Não há destino se não seguirmos os nossos sonhos, não há destino se os sonhos dos outros mudaram e só um fala de paixão, de amor, ou de futuro. Só existe destino, se ambos quiserem. Sonhos morrem e nascem todos os dias. Os verdadeiros, os nossos, permanecerão.

 

(fim.)

13
Abr17

13 # Existirá destino sem os sonhos?

Carolina Cruz

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Sara estremeceu. Arrepiou-se, era um arrepio bom, desafiador, talvez estivesse a sonhar alto ou a pensar o que não devia. Mas, de outra forma, porque trancaria ele a porta?
- Vivi a minha vida toda à espera deste momento. – disse-lhe ele. – Há uma sede incontrolável de te conquistar de novo.
- Há qualquer coisa em nós que nunca terminou, por isso eu não sei ter outra pessoa. Dou voltas à minha cabeça, mas no meu coração estás sempre lá tu.
- Não foi isso que me pareceu. – disse Manuel.
- Olha quem fala, aquela rapariga loira atiçada! – disse Sara com desdém. - Eu não disse que não tive ou não tenho. Tive e tenho, mas nenhuma será tão especial, nem tão intensa como tu, como o que tivemos.
- O que tivemos? Mãos dadas, um simples beijo? – perguntou Manuel.
- Para mim, vale mais que o sexo mais prazeroso do mundo.
Será que as suas palavras eram verdade? Estaria ele tão mudado assim? Sara não hesitou.
- Diz-me que nunca esqueceste o que tivemos. Ou os meus catorze anos eram uma simples brincadeira para ti?
- Nunca esqueci. Nunca conseguirei pertencer a ninguém sem lembrar que entre nós ficou tanto por fazer, tanto por completar. Foi amor puro o que senti por ti. A minha pergunta foi só mais uma forma de te desafiar. Não mudaste nem um bocadinho, continuas a mesma menina com esses olhos teimosos e sedutores.
- Andei a vida inteira a querer-te nos meus braços, não posso perder-te agora. – disse-lhe ela.
E a razão pela qual ele tinha trancado a porta do gabinete não era um pensamento idiota mas um ato consumado.
Ele pegou-lhe no rosto e ao beijar-lhe delicadamente os lábios deixou acontecer o que há tanto era sonhado pelos dois.
Desceu a sua boca até ao pescoço dela e levemente começou a desabotoar-lhe a túnica que lhe cobria o corpo que ele estava ansioso por tocar, por beijar, por despertar prazer.

 

(Continua...)

26
Jan17

Sou grata.

Carolina Cruz

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Obrigada por essa mão que não me larga, que não me deixa fugir.
Obrigada por esse sorriso que me inquieta, por essa alma limpa, a cada reencontro, em cada beijo.
Obrigada por esse adeus, sem partires. Por esses abraços que me apertam, sem me aprisionarem.
Obrigada por estares, por ficares, por seres o melhor de mim...
E depois de tanto agradecer, recuo e penso que o amor não se agradece, ele simplesmente acontece, é uma dádiva. Ainda assim sou grata por seres o meu presente para a eternidade. O meu melhor amigo.
Porque eu acredito que há amores que duram para sempre. Como é possível não acreditar? Como é possível te largar?
Sou grata, por ti, por mim, por nós.
De mãos entrelaçadas damos a volta ao mundo.

 

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