14 # Existirá destino sem os sonhos?
Ela sorriu.
Ele continuou a desabotoar-lhe a túnica, a desapertar-lhe o soutien, a beijar-lhe os seios.
Ela pregou-lhe firmemente as unhas nas suas costas e despiu-lhe a camisa.
E se alguém aparecesse? E se John telefonasse? Que iria ela dizer? De cada vez que Manuel a puxava para si, ela esquecia todas as dúvidas, todas as questões, a sua mente era um mundo à parte do seu corpo.
Fechava os olhos de cada vez que ele lhe tocava. Abrir os olhos era aperceber-se que não estava a sonhar. Então todo o passado estava ali naquele ato tão sonhado, tão imaginado.
- Era isto que tinhas guardado para mim? – disse ela numa gargalhada.
- O tempo amadureceu os nossos corpos, a saudade que eles tinham, tornou este sabor mais forte. Não é melhor que dar as mãos apenas?
Ela riu de novo. Demais. Ele deu-lhe a mão e prendeu-a para si. A sua forma de o ter para si era tão perfeita que não havia dor naquela intensidade, havia prazer inundado de beijos por todo o corpo, de uma pertença que voltava a existir catorze anos depois, dois corpos nus, uma aventura silenciosa e imprudente, duas pessoas traídas, outras duas que ao consumar o ato eram felizes, quase sem culpa, porque toda a vida haviam pertencido uma à outra, como os seus corpos pareciam encaixar-se de forma tão certa um no outro.
Mas será que o destino comemorava com eles? E o mundo lá fora?
(Continua...)