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Gesto, Olhar e Sorriso

Palavras que têm vida.

11
Abr18

[Completas-me] Com a Carolina Franco

Carolina Cruz

Bom dia, sorrisos! 
Pois é, há muito que não fazia esta rúbrica, que eu adoro tanto! Mas está de volta e espero com muitos mais convidados!
Hoje trago-vos um texto a duas mãos forte, daqueles que adoro escrever, que nos deixa inquietos e é tão bom!
Hoje é a simpática Carolina Franco que me acompanha, adorei a sua escrita e foi um prazer escrever com ela. Espero que vocês também gostem!

 

"— Despe-te.
O homem de bigode e cabelo grisalho ordenou, enquanto desapertava a gravata e bebericava o seu whisky. Tremia, como sempre. Há anos que o fazia, mas ao estar na frente de um homem que tinha idade para ser meu avô, continha-me. Tinha medo, todas as noites. Medo que fossem tão brutos a ponto de matarem-me. Não era a primeira vez que acordava num quarto de hospital, depois de dias em coma. Não era a primeira vez que injetavam-me heroína e quase morri de overdose.
— Vá, querida, aproxima-te.
Deixei cair o vestido curto vermelho, no pavimento flutuante que custava mais do que todos os meus serviços, numa semana e sentei-me no seu colo. Desprezava-o. Sentia um nojo imenso. Tresandava a álcool e sexo. Rasgou-me a lingerie e atirou-se juntamente comigo ao chão. Penetrou-me. Arrancou de mim toda a inexistente inocência. Gemia alto. Quando chegou ao clímax parou e retirou aquele pedaço insignificante do meu corpo. Atirou-me duas notas de 20 euros, fechou o zíper das suas calças finas e saiu."

 

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O que eu não faço para ter a minha vida de volta… quanto nojo e sémen há em mim. Ele vai voltar, como voltou tantas noites e eu vomito mal ele sai, queria poder vomitar todo o passado em mim, queria deitar fora todas a minha essência, as minhas entranhas, morrer para voltar a nascer de novo.
Vim para esta vida para ganhar algum, sou uma mulher nova, diziam que eu era bonita, outrora sim eu era, hoje não passo de um trapo que despeja o corpo para se dar a cada diabo que morre por uma boa fornicação e eu que só quero ganhar um vencimento para poder ter o meu filho de volta.
Eu sei que muitos condenam as voltas que a vida dá, a minha escolha, a forma de procurar o meu melhor, mas não fui eu que o escolhi, prometeram-me mundos e fundos, que me davam uma vida melhor noutro país a servir às mesas de gente rica e poderosa, a mesma gente que me lixa e me penetra.
Eu só quero o meu menino de volta, só quero o Guilherme nas minhas mãos e se ele já não me conhecer? Se ele já não me quiser na sua vida?
Tive-o com 16 anos, aos 18 retiraram-mo, arrancaram-mo do colo, mas nunca mo tirarão do coração, do ventre, de cada pedaço do meu corpo, é por ele que me sujeito à morte e se ele não me quiser, eu escolho ficar, escolho a dor, prefiro morrer.

 

 

01
Set17

[Ficção] Sinto-me...

Carolina Cruz

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Sinto-me sem ti. E sem ti sinto-me sozinha. Desamparada. Não sei ser sem ti. Lembraste de eu te dizer isto?
Os meus olhos não mentiam, não sei existir sem o teu beijo.
Fazes-me falta como uma ferida aberta, como uma noite mal dormida a multiplicar por dois ou três anos de vida.
Fazes-me falta e não quero dizer-to e ainda assim to digo.
Faltam-me as gargalhadas que o tempo levou, faltam as confidências que os segredos revelados fizeram perder.
Falta-me o teu corpo na minha cama, o teu sorriso debaixo dos meus lençóis. 
A tua ausência deixa-me ausente da vontade, da vontade de querer viver, custa-me respirar, custa imaginar a dares a mão a outra rapariga que não eu, a voltares-te a apaixonar e não ser por mim.
Desculpa, por favor. 
Fazes-me falta.
Desculpa, se não compreendi. 
Desculpa, se os ciúmes falaram mais alto. Eu não diria que sou ciumenta hoje, mas fui contigo, com o tamanho medo que tinha de te perder… e de que valeu? Perdi-te na mesma.
Eras o melhor de mim e sem ti não sou boa em nada. 
Prefiro perder-me por aí, do que não te encontrar a meu lado.
A roupa manchada das minhas lágrimas, a cabeça que não para de pensar, o corpo que emagrece, a alma que entristece, a vida que não cabe em mim e não me habita. 
Fui feliz ao ter-te, já não serei mais, pois não ser sem ti.
 
 

 

22
Mar17

[O teu olhar] Deixa-me

Carolina Cruz

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Por favor. Imploro-te. Deixa-me sair, conhecer o mundo por mim mesma. Eu sei que vou errar, quem não o faz? Sou um ser humano e se me deixares para sempre nesta redoma então eu falharei sempre, não serei ninguém, rigorosamente ninguém que valha a pena, nem para mim, muito menos para o mundo.
Deixa-me ir, eu vou ser sempre a tua menina, não é por partir que te deixo por inteiro. A tua vida começa quando sais da tua zona de conforto. Sempre te disse e tu devias saber, mas não queres.
O mundo nunca te conhecerá nem tu conhecerás o mundo se viveres fechado nesse canto, amedrontado com medo de viver. Isso é tão inútil, mas tu não imaginas, achas sempre que serás mais feliz se viveres na solidão.
Já que não admites, deixa-me ao menos admitir que eu já sou crescida o suficiente para fazer as minhas escolhas, que embora me possa arrepender mais tarde, o problema é meu, o mundo está ali, do lado de fora. E embora com tantas contrariedades ao belo, eu ainda acredito que há tanta coisa boa e bonita por desvendar.
Deixa-me ir, eu não sei como vou ser feliz, mas vou caminhar, até lá momentos e experiências me mostrarão que a felicidade está no caminho traçado e não na chegada ou na vitória.
A vida é uma viagem, deixa-me entrar nela. Deixa-me ir, até amanhã ou assim sendo, até um dia.

 

 

(Fotografia da autoria de Ana Rafael)

18
Jan17

Por favor!

Carolina Cruz

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Se ele é tudo o que tu tens...
Quando ele é tudo o que tu tens...
O que é que te sobra?
Se o mundo dele ruir... Tu vais atrás sem temer?
Tantas perguntas aguçam o meu coração perdido. Tantas respostas dou sem ter evidências ou certezas.
Já não sei. Já não sou. Rigorosamente nada. Tu foste, eu fiquei. Rendida, às lágrimas, à dor.
O que quero? O que me falta?
O meu amor...
Amor próprio.
E eu não peço mais nada.
Por favor!

 

 

11
Jan17

[O teu olhar] Coimbra e teus amores

Carolina Cruz

Joana Veríssimo.jpg

 (Fotografia da autoria de Joana Veríssimo)

 

Oh Coimbra, minha cidade eterna, quantas vezes, sem cessar, escrevo para ti.
Zeca Afonso disse que em ti o amor não durava e lamento confirmar-te de que ele tem razão. O karma veio ao meu sangue de estudante e pintou a realidade da letra na minha pele.
Eu fiquei somente, sozinha, em plena solidão, nos teus braços, Coimbra. Quando o que eu queria era amá-lo por completo, por toda a minha vida, todos os dias, até sermos velhinhos.
Será que é impossível? Porque é que tenho de te escrever a implorar esse amor de Inês, sem que seja trágico? Esse amor-perfeito, tão certo e saboroso.
Posso pedir-lhe para voltar às margens do teu mondego? Para que eu posso dizer o que me invade a alma e quanto ela dói na sua ausência? Posso? Não sejas a sepultura de um coração partido e ajuda-me a recordar-te sempre com um sorriso, pois eu nunca quero voltar a onde nunca fui feliz e eu quero voltar, Coimbra.

 

 

 

26
Out16

[Cinema] Leo

Carolina Cruz

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O que fazes com o teu passado é tu que escolhes, mas essa escolha pode ser determinante na tua vida e na vida dos outros.
Por vezes um erro grave de um momento pode durar uma vida inteira, em sentimentos de culpa, frustração e dor que nos consomem e nos fazem julgar os que estão à nossa volta, repugna-los, interpretá-los mal, acusá-los, pois a culpa só em nós é que pode viver, mas quando não se transborda em lágrimas, a raiva surge.
Por vezes duvidamos de quem mais amamos e a vida surpreende-nos, mostra-nos que podemos ser melhores do que aquilo que fomos, mas o passado esse não podemos mudar, mas podemos escrevê-lo para ser explicado, compreendido, arrumado.
Leo escreveu quem era, sem rodeios, sem medos, pois o seu silêncio foi a sua defesa e o seu escape. No entanto todo o mal que sentiu, aquele que nunca disse, o que sempre omitiu em voz, escreveu-o, tornando-o alguém mais forte.
“Leo” é um filme pouco conhecido, mas que eu me atrevo a dizer que é dos melhores filmes de suspense e drama que vi até então, porque nos apega e nos entristece como se na história entrássemos. Entristecer não é no mau sentido, é no sentido em que nos prova ser uma boa produção.

Vejam, vale a pena.

 

 

29
Jun16

Pudesse eu tocar o céu.

Carolina Cruz

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O sol me encanta, faz brotar todos os meus sonhos, tornando-os em realidade, florescendo em mim o maior sorriso do mundo.
Pudesse eu tocar o céu quando o sol se põe, fazendo descer a estrela que brilha lá do alto para me acompanhar! 
Como a admiro, como sei que faz o que é para ser feito, dando lugar às formas apetecíveis de se viver.
Como ela, vou mostrar que há vida sem solidão mesmo depois da noite escura, vou brilhar todos os dias e mostrar a todos aqueles que duvidaram, que sou como essa estrela brilhante que sabe desvendar cada mistério de palavras e gestos e com o seu grande coração agradecer tudo aquilo que se tem e tudo aquilo que se dá no melhor de si, para o mundo.

15
Abr16

[Ficção] Sabes quanto dói?

Carolina Cruz

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Sabes quanto dói um abraço perdido?
Não podes calcular, nem na mais pequena infinidade de quanto preciso de um abraço teu. Sim, aquele que partiu, aquele afeto que já desconheço e que me invade de tristeza pura que já não me deixa mais ser quem sou. 
Agora sigo as regras da solidão e da saudade e em momentos de ausência tua caio em mim, de desilusão do que julgava existir em nós quando nada houve, nem amor, só de mim, neste forte querer da alma que não cessa. 
Que um dia a minha alma possa abrir e querer vida de outro alguém que me merece e que me viva, por inteiro.

27
Fev16

O meu lar é o teu mundo.

Carolina Cruz

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Voltar a casa é desejar tudo de novo. O meu lar é o teu mundo, o melhor lugar é tão perto de ti.
Sentimos o desejo com a promessa de deixar acontecer, somos livres de sentir o sossego da alma quando tudo se estranha, tão comummente se entranha enquanto espero o conforto de um abraço.
O teu beijo quebra o gelo, teima em tornar tudo agridoce. Tens o dom de despontar o meu sorriso tão grande. 
Ninguém consome um amor tão enorme e tão simples. A simplicidade é tua característica tão natural.
Paro para contemplar o teu olhar que se expressa em mim de forma tão pura. Será que mais alguém encontrar algo tão sincero se te tenho a meu lado? Não desejo perder-te de vista, deixas-te marca no meu coração. 
Nesse regresso a casa, salvaste-me da solidão.

 

 

21
Out15

[O teu olhar] Nesse barquinho

Carolina Cruz

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Sei que não sou mais eu que vagueio nesse barquinho. É a minha solidão que navega lá bem longe em busca de outro corpo e de outra alma para atormentar.
Eu não sou mais sozinha, com ela era apenas mais um fardo e eu hoje sou feliz. A minha solidão já não canta no meu peito, dei lugar aos sonhos, que agora tomam conta de mim.
Envolvi-a neste barquinho e deixei-a navegar. Durante anos tornou-me na sua presa, mas hoje sou eu que a liberto, libertando também um pouco de mim, pois o meu sofrimento vai com ela e finalmente essa angústia teve um fim.

 

(Foto da autoria de Sara Lindão) - Também podes enviar a tua para carolinaacruz.01@gmail.com

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